Como
escombros de um sábado de aleluia, veio o véu da ressureição e
cobriu a voz do vento, de Luciano do Vale. Os jornais esportivos,
agora, são páginas remendadas.
Nos
garimpos de sua felicidade profissional, tratou a bola e a roda feito
um poeta encantado. Agora, o voley, o basquete, o futebol, o tênis e
as pistas são desenhos nas estrelas.
Em
silêncio, num pássaro de aço, em seus múltiplo disfarces, a
senhora dos mundos disse para quem já tinha transmitido dez, que não
vai ter copa, Luciano.
A dor da
vida escreveu-se a última página do livro de poema das transmissões
emotivas e arrebatadoras de alguém que, com alma, determinação e
profissionalismo ensinou ao Brasil que somos feitos para mais de uma
bola.
Caminhar
pela vida é assim. Luciano, um atleta da voz, fez o jogo e a
história no dia que se iniciava um novo campeonato nacional. A nós,
os perdidos na noite, no vazio dos novos tempos, so nos resta a
transformação em semente do agradecer.
Última
parada numa tarde de interrogações: Minas Gerais, terra do primeiro
e único rei do futebol. Gotas de lágrimas espalham-se no universo
esportivo, numa coreografia de tristeza e dor pelos estádios do
país inteiro.
Pascoa da
iniciação em uma nova vida, bem além do horizonte. E Luciano, com
o perfume imortal de sua voz, nos pede: orem por mim, enquanto dorme
minha alma irrequieta.
A vida
não nos oferece escolha. Como uma oferenda para o além, agora,
Luciano vai aprender a tocar as estrelas. Lá vai Luciano, além do
Vale, subindo os montes da noite e deitando-se no travesseiro das
montanhas. Jotabosko
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