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A memória de Cristo na Palavra e na Eucaristia

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Roteiro Homilético
A proposta de reflexão da liturgia dominical é de autoria do Pe. Johan Konings SJ, preparada pelo Pe. Jaldemir Vitório SJ, professor e reitor da FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia).

A saudade é a gostosa presença do ausente. Quando alguém da família ou uma pessoa querida está longe, a gente procura se lembrar dessa pessoa.

É o que aconteceu com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-55, evangelho de hoje). Jesus tinha sumido... mas, sem que o reconhecessem, estava caminhando com eles. Explicava-lhes as Escrituras. Mostrava-lhes as passagens do Antigo Testamento que falavam dele. Pois existe no Antigo Testamento um veio escondido que, à luz daquilo que Jesus fez, nos faz compreender que Jesus é o Messias: os textos que falam do Servo Sofredor, que salva o povo por seu sofrimento (Is 52–53); ou do Messias humilde e rejeitado (Zc 9–12); ou do povo dos pobres de Javé (Sf 2–3) etc. Jesus ressuscitado abriu, para os discípulos de Emaús, esse veio. Textos que eles já tinham ouvido, mas nunca relacionado com aquilo que Jesus andou fazendo... e sofrendo.

Isso é uma lição para nós. Devemos ler a Sagrada Escritura através da visão de Jesus morto e ressuscitado, dentro da comunidade daqueles que nele creem. É o que fazem os apóstolos na sua primeira pregação, quando anunciam ao povo reunido em Jerusalém a ressurreição de Cristo, explicando os textos que, no Antigo Testamento, falam dele (1ª leitura, At 2,14.22-33). Para a compreensão cristã da Bíblia é preciso “ler a Bíblia na Igreja, reunidos em torno de Cristo ressuscitado”.

O que aconteceu em Emaús, quando Jesus lhes abriu as Escrituras, é parecido com a primeira parte de nossa celebração dominical, a liturgia da palavra. E muito mais parecido ainda com a segunda parte: Jesus abençoa e parte o pão, e nisso os discípulos o reconhecem presente. Desde então a Igreja repete este gesto da fração do pão e acredita que nele Cristo mesmo se torna presente. É o rito eucarístico de nossa missa.

Emaús nos ensina as duas maneiras fundamentais para ter Cristo presente em sua ausência: ler as escrituras à luz de sua memória e celebrar a fração do pão, o gesto pelo qual ele realiza sua presença real, na comunhão de sua vida, morte e ressurreição. É a presença do Cristo pascal, glorioso – já não ligado a tempo e espaço, mas acessível a todos os que o buscam na fé e se reúnem em seu nome.

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