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O triste linchamento em Guarujá (SP)

Padre Augusto Menezes Vale*


Quando li a notícia do linchamento de uma mulher no Guarujá, em São Paulo, sobre um possível crime que ela havia praticado, crime esse que parece ser inocente, confirmou o que eu pensava a algum tempo: a nossa sociedade brasileira está se tornando tribal. No entanto, a nossa tribo é movida não por uma lei minimamente racional, mas pela emoção. A emoção é classificada como uma reação imediata a um estímulo. Não temos culpa de nos emocionar, isso é parte constitutiva do nosso ser. O teatro onde as emoções aparecem é o nosso corpo. Quando estamos emocionados o corpo fala, portanto as emoções são públicas. Mas o que fazer quando algo desperta uma emoção em nós? Podemos, como animais irracionais, entregarmo-nos a elas, ou sermos educados e procurarmos trabalha-las, diminuindo a intensidade da força que exercem sobre nós. A razão é fundamental nesse processo. Uma razão bem educada tem como finalidade não deixar as emoções tomarem conta do nosso corpo e das nossas ações. O que aconteceu em São Paulo foi a prova que temos uma parcela da população que sofre de falta de educação, que é mais que ter instrução. Um povo mal educado é um povo tribal, levado pelo que sente, entregue ao ódio e a uma "justiça" feita na esquina. Essa senhora que foi brutalmente assassinada carrega em cada corte profundo e em sua morte a realidade de uma nação que está falida moral, política e socialmente. Uma nação corrupta, das bases ao topo, de justiça feita de qualquer forma, um país de impunidade que está querendo punir da forma mais absurda, gerando mais dor e sofrimento, mais injustiça! Espero que um dia tenhamos uma nação verdadeiramente democrática, séria, honesta, justa e acima de tudo, EDUCADA!

*Estudante na Universidade Gregoriana de Roman, mestrando em Filosofia 

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