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Terra Santa: Três dias pela paz

Francisco deixou palavras e gestos em favor do entendimento entre palestinos e israelitas, com apelos para a Síria

Lusa | Papa Francisco com o rabino Abraham Skorka e o professor muçulmano Omar Abboud, junto ao Muro das Lamentações
Telavive, 26 mai 2014 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje em Telavive uma visita de três dias à Terra Santa, com passagens pela Jordânia, Palestina e Israel, na qual repetiu gestos e discursos em favor da paz no Médio Oriente.
Francisco apelou à resolução pacífica do “inaceitável” conflito israelo-palestino e abriu as portas do Vaticano para receber os presidentes Mahmoud Abbas e Shimon Peres, que aceitaram o convite.
Em várias intervenções, o Papa condenou o terrorismo, defendeu uma “convivência respeitosa entre judeus, cristãos e muçulmanos” e pediu que “ninguém instrumentalize, para a violência, o nome de Deus”.
Francisco criticou “o recurso à violência”, a discriminação por “motivos raciais ou religiosos”, o antissemitismo e as manifestações de intolerância contra pessoas ou lugares de culto.
O Papa deteve-se em oração silenciosa numa série de lugares simbólicos: o muro da Cisjordânia, numa paragem imprevista, em Belém; o Muro das Lamentações; o memorial do Holocausto; a lápide em memória das vítimas israelitas do terrorismo, noutra paragem fora do programa oficial.
As mensagens políticas centraram-se no “direito” que têm “dois Estados de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
“Que a ‘solução de dois Estados’ se torne realidade e não permaneça um sonho”, apelou o primeiro Papa a falar no Estado da Palestina.
Francisco quis sublinhar, neste contexto, que a paz no Médio Oriente exige o reconhecimento universal do Estado de Israel e que “não há outro caminho” a não ser o “do diálogo, da reconciliação e da paz”.
O Papa esteve com refugiados na Jordânia e na Palestina, onde disse aos jovens que “a violência não se vence com a violência”.
Francisco elogiou o compromisso do rei jordano na promoção do diálogo inter-religioso e no acolhimento aos refugiados, tendo deixado o seu “apelo mais veemente pela paz na Síria”, para que as partes envolvidas deixem as armas e procurem uma solução política para o conflito.
A viagem tinha como objetivo assinalar o 50.º aniversário do Paulo VI e Atenágoras e proporcionou um momento inédito quando o Papa Francisco e o patriarca ortodoxo de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, se uniram numa celebração ecuménica na Basílica do Santo Sepulcro, após terem assinado uma declaração conjunta.
“Ponhamos de parte as hesitações que herdámos do passado e abramos o nosso coração à ação do Espírito Santo, o Espírito do Amor e da Verdade, para caminharmos, juntos e ágeis, rumo ao dia abençoado da nossa reencontrada plena comunhão”, disse o Papa aos vários líderes cristãos reunidos na basílica, um dos lugares mais sagrados do Cristianismo.
Numa viagem em que foi acompanhado por dois amigos argentinos - o rabino Abraham Skorka, de Buenos Aires, e o professor muçulmano, Omar Ahmed Abboud, secretário-geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República da Argentina – que abraçou diante do Muro das Lamentações, após rezar pela paz.
Francisco deixou ao Médio Oriente o convite a um “encontro com os irmãos”, independentemente das “diferenças de ideias, língua, cultura, religião”, para promover a paz e a harmonia.
As dificuldades da comunidade cristã, cada vez mais minoritárias, também estiveram nas preocupações do Papa, que repetiu a exigência de que estes fiéis sejam “cidadãos de pleno direito” e se respeite a liberdade religiosa, um “direito humano fundamental”.
OC

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