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Papa: Combate à pobreza exige mais obras do que «belos discursos»

Francisco contra os «espectadores informadíssimos» dos problemas sociais

Cidade do Vaticano, 14 jun 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que a abundância de estatísticas sobre a pobreza pode produzir mais “espectadores informadíssimos” do que cidadãos comprometidos com os problemas reais.
“Temos à disposição muitas informações estatísticas sobre a pobreza e os problemas sociais. Corremos o risco de sermos espectadores informadíssimos e desencarnados desta realidade”, afirmou o Papa na Praça de S. Pedro, em Roma, dirigindo-se a colaboradores das Misericórdias Italianas e aos grupos de dadores de sangue “Fratres”.
Para o Papa, o problema da pobreza não pode ser enfrentado com “belos discursos, que terminam com soluções verbais e sem compromissos em relação aos problemas reais”.
“Muitas palavras, muitas palavras, mas não se faz nada. Isto é um risco”, afirmou o Papa valorizando o trabalho desenvolvido nas Misericórdias italianas e nos grupos “Fratres”.
“Vós trabalhais bem. O que serve são as obras, as vossas obras, o vosso testemunho cristão de ir até junto dos que sofrem, aproximar-se como fez Jesus”, disse o Papa após ter saudado os participantes nesta audiência, que enchiam a Praça de S. Pedro.
“Quando participo em conversas com pessoas que conhecem as estatísticas, logo me dizem: ‘Que barbaridade, padre, que barbaridade!” ‘Mas o que fazes contra essa barbaridade?’ ‘Nada falo’. Isto não remedia nada. De palavras o mundo farto”, recordou Francisco.
Francisco recebeu em audiência membros e colaboradores das Misericórdias italianas, que celebram 770 anos de atividade, e os grupos de dadores de sangue intitulados “Fratres” (Irmãos), projeto que teve origem nas diversas Misericórdias espalhadas pelo país e que foi constituído em meados do século passado.
“Nós somos chamados a tornamo-nos vizinhos, a partilhar a condição das pessoas que encontramos. É necessário que as nossas palavras, os nossos gestos, os nossos compromissos, exprimam a solidariedade, a vontade de não permanecer indiferente às dores do outro, com calor fraterno e sem cair em nenhuma forma de paternalismo”, sustentou o Papa.
Francisco referiu que as Misericórdias são chamadas a testemunhar o “Evangelho da caridade entre os doentes, os idosos, os menores, os emigrantes e os pobres”.
“Obrigado, obrigado de novo a todos vós pelo que fazeis. Obrigado! Que a misericórdia e os grupos ‘Fratres’ continuem a ser local de acolhimento e de gratuitidade como sinal do autêntico amor misericordioso pelas pessoas”, concluiu o Papa.
PR

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