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Falando sobre limites ecológicos

17/11/2014  |  domtotal.com

Marcus Eduardo de Oliveira

Diante das evidências de que os principais serviços ecossistêmicos estão em elevado processo de esgotamento, uma conclusão a esse respeito é una e plausível: o limite ecológico da Terra está saturado.

Nos últimos trezentos anos foram usados mais recursos naturais que em toda a história da humanidade. Nos últimos 150 anos extraíram-se a exaustão minério de ferro, de manganês, bauxita, cassiterita e enxofre. Nas últimas sete décadas extraíram-se mais cobre, vanádio, nióbio, grafita e tântalo desde que a vida grassou na Terra, há 3,5 bilhões de anos. Apenas nos últimos cinquenta anos foram poluídos mais rios, lagos e mares desde que o animal racional homemcolocou seus pés na Terra.

O ar nunca esteve tão poluído como no último quarto de século. A água hoje escasseia, o clima piora a cada momento, e os alimentos há muito deixaram de ser “puros” – o que predomina hoje são os transgênicos e os “enxertados”, regados a agrotóxicos.

A “lógica” desse capitalismo que faz exceder a capacidade produtiva pela busca incansável de ganhos financeiros de maneira rápida, apenas contribui, sobremaneira, para conduzir o sistema econômico às mais variadas crises globais. Esse estúpido excesso de produção que finca estacas num modelo de consumo ambiental insustentável, se tornou, por definição, perigoso e potencialmente autodestruidor.

Talvez seja essa a contradição mor de um sistema capitalista que abusou da capacidade produtiva. O desrespeito ambiental, em decorrência desse processo, que grassa sob as cinzas do imponderável, parece realmente que não teve seus limites respeitados, ainda que alguns economistas tradicionais digam o contrário.

O desastre ambiental e ecológico é óbvio e está cristalino para que todos vejam. Não por acaso, a cada ano, por exemplo, 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. A sociedade moderna, em especial o lado Nortedo planeta, cujo consumo é de 85% da produção mundial, joga pelo ralo uma imensa quantidade de recursos naturais, além de agredir tanto a fauna quanto a flora.

Até 2006, a Amazônia acumulou perda de 17% da sua vegetação total nos nove países que possuem trechos da floresta tropical. A área total desmatada até o período mencionado foi de 857.666 quilômetros quadrados. Até 2006, a Floresta Amazônica sofreu desmatamento equivalente a 94% do território total da Venezuela. Esse desmatamento da Amazônia provocou a extinção de 26 espécies de animais e plantas até esse referido ano.

Esse conflito entre produção econômica versus agressão ambiental se resume e encontra confortável morada na lógica burra do capitalismo que “vive e se alimenta” unicamente para acumular capital, sempre “conectado” aos ganhos de escala de uma produção “destruidora” do ambiente natural.

O crescimento econômico de países feitos à revelia do equilíbrio ambiental somente tem gerado mais destruição (ecológica) que proveitos (econômicos). Ao atingir-se o “limite de reprodução”, torna-se contraproducente manter esse sistema em funcionamento. Aliás, nesse caso, é o próprio “sistema” que deixará de funcionar. 
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo | prof.marcuseduardo@bol.com.br

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