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G1 ouviu: One Direction envelhece sem perder a ternura no disco 'Four'

01/12/2014 08h11

Boy band alterna baladas convencionais e ousadias com rock e eletrônica.

Eles falam de 'ficar mais velhos', mas seguem clichês de amor adolescente.

Rodrigo OrtegaDo G1, em São Paulo

One Direction lança em 2014 o quarto disco da banda, 'Four' (Foto: Divulgação)One Direction lança em 2014 o quarto disco da boy band britânica, 'Four' (Foto: Divulgação)
"Você é minha princesa desde que a gente tinha 16." A primeira frase do quarto disco do One Direction cita o óbvio público alvo da boy band: as novinhas. Mas há uma sutileza no verso de "Steal My girl": a musa tinha, não tem 16 anos. Os cinco ex-moleques, juntos no programa "X-Factor" aos 17 e estourados aos 19, chegam aos 21. Estourado o tempo regulamentar teen, pegar menores pega mal. O jeito é recorrer ao "desde que". Essa é a chave do disco: o One Direction tenta crescer, mas sem romper a ligação com a paixão adolescente.
Muita análise para um detalhe na letra? Pule três faixas ouça "te amo desde os 18", da faixa "18". Ande mais três casas e confirme: "Só estamos ficando mais velhos ultimamente / tenho pensado nisso", canta Harry Styles em "Night changes". Bateu a crise de meia-meia-idade (não aquela dos 40, mas essa dos 20). Enquanto as fãs crescem, o One Direction enxerga no  horizonte o limite do qual nenhuma boy band passou, a não ser em reinvenções solo - Michael Jackson, Justin Timberlake, Robbie Williams, Ricky Martin...
A crise é encarada no disco em duas fases. Primeiro a negação, depois a reação. A segunda, claro, é mais emocionante. Na primeira parte estão as semibaladas genéricas que abrem o disco. Meio r&b, meio hinos de estádio, podia ser uma boy band qualquer. Falta a graça do britpop moleque que fez do One Direction uma boy band acima da média. Na segunda metade eles abrem o leque das letras de amor incondicional, retomam o bom humor e experimentam sintetizadores e guitarras menos teen. A solução é óbvia: crescer com as fãs, mas sem cair na sisudez adulta.
Capa de 'Four', do One Direction (Foto: Divulgação)Capa de 'Four', do One Direction (Foto: Divulgação)
Lado óbvio, lado bom
Nas quatro primeiras musicas, é difícil achar uma mensagem diferente de "te amo para sempre, você é a única para mim" e "cantem esse ô ô ô comigo, 60 mil garotas no estádio, vocês são a única para mim". Tirando uma esperta guitarra a à The Edge em "Ready to run", tudo é óbvio. Isso não significa que não possam virar hits previsíveis, já que o primeiro single é justamente "Steal my girl". Uma pitada de bom humor em "Girl almighty", sobre adoração religiosa a uma garota, começa a elevar o nível.
Na sétima faixa, supresa: letra na terceira pessoa (!) e não é sobre amor eterno (!). É "Night changes", sobre envelhecer, na figura de uma garota com um vestidinho vermelho à revelia da mãe. "No control" é um rockzinho dançante que passaria batida (e celebrada) em uma boate indie. O mais ousado está no final. "Stockholm syndrome" é pop eletrônico oitentista, com as quebradas de ritmo ausentes no começo. O final "Clouds", de guitarras e percussão forte à Imagine Dragons, tem letra menos óbvia sobre estar perdido. Ali eles se encontram.
Os integrantes do One Direction (a partir da esq.), Liam Payne, Louis Tomlinson, Zayn Malik, Niall Horan e Harry Styles, recebem o prêmio de melhor álbum de pop/rock no American Music Awards pelo disco 'Midnight mmories' (Foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP)Os integrantes do One Direction (a partir da esq.), Liam Payne, Louis Tomlinson, Zayn Malik, Niall Horan e Harry Styles, recebem o prêmio de melhor álbum de pop/rock no American Music Awards pelo disco 'Midnight mmories' (Foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP
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