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UM NOVO TEMPO 2

Grecianny Carvalho Cordeiro*

Pelo jeito, o escândalo da Petrobrás ainda vai ser manchete nos jornais escritos e televisivos por um longo tempo. Excelente, pois assim não cairá no esquecimento de um povo cuja memória costuma ser tão curta. Na verdade, o que o povo brasileiro espera é que, diante desse escabroso caso de corrupção envolvendo a maior empresa pública do Brasil, onde políticos, empresários, lobistas, policiais, membros da cúpula de vários partidos políticos possuem comprovado envolvimento, as coisas não acabem em pizza e o manto da impunidade se estenda sobre os seus responsáveis. 

A Polícia Federal, apesar de todas as tentativas de o governo minimizar a sua importância, e apesar de suas rusgas internas, vem realizando um excelente trabalho, com coragem, desenvoltura e profissionalismo. O Ministério Público Federal também tem atuado de forma igualmente competente nessa força-tarefa realizada com a Polícia Federal, na denominada Operação Lava Jato. O Juiz Federal encarregado do caso também tem exercido o seu papel com seriedade, competência e com uma característica crucial para esse tipo de crime: a discrição. 

Mas o escândalo da Petrobrás mostra muito mais do que um escândalo de corrupção dentre tantos outros a que estamos quase acostumados a acompanhar, em que pese a nossa indignação. Esse caso mostra o quanto é preciso mudar para que o Brasil funcione a contento, e que o dinheiro público possa ser utilizado em prol da sociedade, para a melhoria da educação, da saúde pública, da segurança pública, na melhoria do serviço público de um modo geral; que o Estado consiga cumprir com o seu papel, tal como ordenado na Constituição Federal e nas tantas leis que existem.

A declaração do advogado de um lobista preso na Operação Lava Jato, segundo a qual nenhuma obra pública é realizada sem que seja dada propina a político, choca não pelo seu conteúdo, mas pela forma como foi dita. Eis uma verdade nua e crua. É justamente isso o que não mais se pode admitir: que a propina continue sendo moeda de troca para a realização de obras públicas nesse imenso Brasil, onde todos os envolvidos ganham a sua comissão. O grande perdedor disso tudo é o povo brasileiro, que paga a conta.

É chegada a hora de mudar essa mentalidade de que o Estado brasileiro pode ser extorquido e assaltado por todos, principalmente por aqueles que têm a obrigação legal de zelar por ele, a exemplo dos políticos, dos detentores de cargos e mandatos públicos. 

*Escritora e Promotora de Justiça

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