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UM NOVO TEMPO

Grecianny Carvalho Cordeiro*


O escândalo da Petrobrás é realmente um episódio vergonhoso da História do Brasil, pois mostra as vísceras de um sistema político minado pela corrupção, pelos reiterados e execráveis assaltos aos cofres públicos por parte de políticos, de agentes públicos, de empresários, onde todo mundo ganha “uma pontinha”, milhões aqui, milhões acolá.
Contratos eram firmados com empreiteiras sólidas que, em contrapartida, tinham que destinar uma parte do dinheiro para abastecer os bolsos de muitos e o caixa de alguns partidos políticos, causando um prejuízo quase incalculável para os cofres públicos, para o povo brasileiro.
O dinheiro da corrupção extraída da Petrobrás enriqueceu muitos e empobreceu cada vez mais o povo brasileiro, carente de escola pública de qualidade, deficiente numa saúde que muito deixa a desejar, extremamente ineficaz em uma segurança pública mínima para que o cidadão possa levar uma vida em relativa paz.
Num país sério, um escândalo dessa natureza destruiria um reinado inteiro, como um castelo de cartas, onde cada carta cairia sem trégua, sem qualquer chance de um dia voltar a se levantar.
No Brasil, um escândalo dessa natureza serve para unir os políticos e os seus partidos em torno de um objetivo: encobrir os fatos, calar os delatores, mascarar as provas, dificultar o andamento das investigações e do processo, burlar a legislação, silenciar a imprensa, distrair o povo...
A Operação Lava Jato, levada a efeito pela Polícia Federal, cujas investigações trouxeram à tona o saque feito à Petrobrás, pelo menos serve de consolo, para mostrar que ainda existem instituições funcionando a contento, apesar das dificuldades, apesar dos entraves. 
O Brasil precisa de instituições cada vez mais fortes e independentes, de modo a que os interesses políticos não venham a interferir em seu funcionamento, numa barganha perniciosa entre cargos e salários.
É necessário o quanto antes uma mudança na legislação penal para contemplar a corrupção com penas duras e severas, de modo a que uma pessoa que furta milhões dos cofres públicos seja punida com enorme rigor. 
É necessário uma legislação que não conceda regalias a políticos e agentes públicos corruptos, sempre protegidos pelos escudos de seus cargos e influências.
É necessário mudar o quanto antes, pois a atual legislação, apesar de alguns avanços, privilegia os larápios dos cofres públicos.
Resta saber se os legisladores terão essa coragem. 
Duvido muito.

*Escritora e Promotora de Justiça

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