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Livro: Voz dos que não têm voz


Prof. Jardel Silveira*

 Padre Geovane Saraiva é um sacerdote bom, humilde e alegre, tão alegre a ponto de despertar a vocação sacerdotal nos mais jovens. É dessa forma que ele diariamente grita o Evangelho com a própria vida, sempre disponível para ser consumido pelas pessoas, sendo de todos para não ser de ninguém. São indeléveis as marcas da espiritualidade que o Padre Geovane imprime em seu rebanho, em especial, os exemplos de Dom Helder Câmara e do Irmão Charles de Foucauld, ou seja, uma espiritualidade de fato inspirada no Evangelho da Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre voltada diretamente para os nossos irmãos menos favorecidos, aqueles por quem ninguém chora. Daí existir uma empatia notável entre as idéias do Padre Geovane e do Papa Francisco. Isso fica muito claro no zelo que tem ao se referir ao Santo Padre, seja na linguagem escrita ou na linguagem falada.

Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará (ALMECE) e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF), nos últimos anos, Padre Geovane publicou três livros sobre Dom Hélder, um sobre o cardeal Aloísio Lorscheider e outro sobre o Papa Francisco, dentre tantas outras publicações não menos importantes. É interessante perceber como existem pontos em comum entre esses homens sobre os quais o mesmo escreveu. Em pensamentos, e principalmente em ações são todos homens que se esforçaram para compreender em profundidade a verdade do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre voltado para os menos favorecidos. E é justamente este sentido que o Padre Geovane quer externar agora para nós através do seu novo livro sobre o Papa Francisco, com o sugestivo título, “Voz dos que não têm voz”, mostrando-nos pela vida simples e despojada, também pelos gestos e sensibilidade do seu enorme coração, a coerência do Augusto Pontífice ao se inspirar em Francisco de Assis.

Padre Geovane fala com veemência em seu livro de Francisco, um líder planetário  de coragem inconfundível e inigualável, ao falar claro das coisas graves praticadas pela cúpula da Igreja, lá ao seu redor, encaminhando-as com sábias propostas de correções. Quando no Natal de 2014, falou aos seus colaboradores da Cúria Romana de quinze “enfermidades”, certamente quis dizer a mesma coisa que Jesus disse ao colégio dos apóstolos, assistido pela luz e força inabaláveis do Espírito Santo de Deus: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo” (cf. Mt 20, 26-27). Na visão e na ação coerente de governar bem a Igreja, tendo por base o Evangelho, o Santo Padre faz a diferença, seja nas suas sábias, belas e maravilhosas afirmações, que passo a citar duas: “A Europa não está velha, mas está cansada. Precisamos ajudá-la a rejuvenescer, a reencontrar suas raízes”; ao acusarem por diversas vezes de ser marxistas, o Sucessor de Pedro soube responder ao seu modo, através do jornal La Stampa. “A teoria marxista está errada, mas ao longo da vida conheci inúmeros marxistas que eram boas pessoas e, portanto, não me sinto ofendido”.

Nessa linha Missionária, Padre Geovane segue firme semeando aos fiéis da Paróquia de Santo Afonso a mensagem diária do verdadeiro cristianismo, que reforça o amor solidário enfatizado e vivenciado pelo Bispo de Roma ao longo desses dois anos de pontificado. O Papa Francisco tem demonstrado com atitudes concretas seu amor e apreço pelos empobrecidos, os quais ocupam os últimos lugares na sociedade.  E neste livro, com muita habilidade  Padre Geovane destaca e esclarece à luz do Evangelho inúmeros gestos de amor do Santo Padre em favor da humanidade. Sonhar jamais foi proibido. O livro se constitui, por assim dizer: ‘Voz dos que não têm voz’, onde somos convidados a caminhar na direção do grande sonho de Santo Agostinho, na busca e visão antecipada da cidade celestial: “Dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.

*Professor e pesquisador da UFC, colunista e membro da Pascom de Santo Afonso

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