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Chilenos rechaçam nomeação de bispo

Juan Barros Madrid é acusado de acobertar padre condenado por abuso de menores.

A Congregação dos Sagrados Corações manifestou-se contrária, nessa terça-feira (17), à nomeação do bispo Juan Barros Madrid para titular da diocese da cidade de Osorno, no sul do Chile, por seu suposto acobertamento de abusos sexuais cometidos por outro religioso.
A congregação, através do seu superior provincial, disse que ficou “perplexa” com a nomeação de Barros Madrid como bispo dessa cidade e acrescentou que este deveria renunciar ao cargo.
Alex Vigueras, diretor dos Sagrados Corações, escreveu em um editorial do sítio da ordem eu “não se levou suficientemente em conta o fato de que (Barros) esteja comprometido com as acusações de abusos realizadas contra Fernando Karadima, e, portanto, sua nomeação não está em sintonia com a tolerância zero que [o Papa Francisco] está querendo implantar na Igreja”.
Vigueras escreveu que a nomeação “parece ter sido uma decisão levada adiante exclusivamente pelo núncio apostólico, sem o apoio da maioria dos bispos do Chile”. “É difícil de entender como ainda é possível que se dê este tipo de mecanismo, que leva a uma decisão com tão pouco respaldo”, enfatizou.
Karadima foi considerado culpado em 2011 pelo Vaticano por cometer abusos sexuais, pelo que foi condenado a uma vida de oração e penitência e proibido perpetuamente do exercício público de qualquer ato do ministério.
O manifesto da Congregação dos Sagrados Corações foi publicado nesta segunda-feira, dia 16, horas depois que a Nunciatura Apostólica confirmou a “confiança e o apoio” ao bispo da diocese de Osorno.
Na linha da congregação, em 19 de fevereiro passado, padres e diáconos de Osorno enviaram uma carta ao Papa Francisco na qual solicitam a renúncia de Juan Barros como bispo da diocese dessa cidade, argumentando também que acobertou abusos sexuais.
No documento, entregue ao núncio Ivo Scapolo, em Santiago, os assinantes da carta rechaçam Barros como bispo de Osorno indicando que acobertou os vexames sexuais cometidos por Karadima, ex-pároco da igreja de El Bosque, na comuna de Providencia, em Santiago.
Na carta, os religiosos recordam que o Pe. Peter Kliegel, da diocese de Osorno, já havia exposto esta situação em outra carta enviada ao Vaticano, a qual nunca teve resposta.
Além disso, os cerca de 30 abaixo-assinantes garantem que “só podemos dizer-lhe que uma infinidade de fiéis, padres e diáconos sofrem neste momento muita tribulação, pois não nos sentidos acolhidos, menos ainda compreendidos pela hierarquia da nossa Igreja”.
Na carta, assinalam que “continuamos confusos e irritados desde o momento do comunicado da nomeação do sr. bispo Juan de la Cruz Barros Madrid como bispo de Osorno”.
Alguns dias atrás, Juan Carlos Cruz, um dos fiéis abusados, disse sobre Barros que este “fez todo o trabalho sujo de Fernando Karadima” e o acusou de ameaças a seminaristas, acobertamento de abusos sexuais e quebra do segredo de confissão.
Terra, 17-03-2015.
*Tradução de André Langer.

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