Pular para o conteúdo principal

Mulher na política ainda é um desafio no parlamento amapaense

Amapá nunca teve governadora e prefeita de capital eleita nas disputas.

Legislativo ganhou espaço feminino nas últimas eleições, mas é minoria.

Abinoan SantiagoDo G1 AP

Mulheres ganharam espaço no parlamento da Câmara de Macapá (Foto: Adrianna Ramos/Arquivo Pessoal)Mulheres ganharam espaço no parlamento da Câmara de Macapá (Foto: Adrianna Ramos/Arquivo Pessoal)
Mesmo vinte anos depois dos partidos políticos serem obrigados a estabelecerem cota mínima 30% das candidaturas às mulheres durante as eleições, o resultado das urnas não reflete a obrigação imposta pela legislação eleitoral. A presença feminina no poder público ainda é pequena - das prefeituras e governo aos tribunais, das câmaras de vereadores e assembleias estaduais ao Congresso Nacional. O Amapá pode ser considerado exemplo da falta da participação feminina na política. O cenário é ainda dominado pelos homens.
A falta de participação da mulher na política pode ser observada nas eleições de 2014. Apenas uma das sete coligações conseguiu alcançar a cota mínima de candidaturas por gênero, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
No mesmo pleito do ano anterior, dos sete candidatos ao governo, todos eram homens. Ao Senado, as mulheres ocupavam três das dez cabeças de chapa na disputa. Nenhuma foi eleita. Dois anos antes, em 2012, das 16 prefeituras amapaenses, três foram conquistadas por mulheres, em Itaubal pela pessebista Ester Cândida; em Calçoene, com Lucimar Lima, do PMDB; e Cutias, com Eliane Pimentel (PSL).
Câmara de Macapá começou legislatura com cinco mulheres, em 2013 (Foto: Adrianna Ramos/Arquivo Pessoal)Câmara de Macapá começou legislatura com cinco
mulheres, em 2013 (Foto: Adrianna Ramos/
Arquivo Pessoal)
Apesar das dificuldades nas disputas para o executivo, as mulheres vêm ganhando espaço para corridas eleitorais ao legislativo. EmMacapáx, na Câmara Municipal, a legislatura eleita em 2012 resultou em cinco mulheres ante aos 19 homens na representação no parlamento da capital amapaense. A legislatura anterior teve apenas Adrianna Ramos, do PTC, como a única mulher vereadora de Macapá.
Para parlamentar, o processo de ocupação das mulheres no cenário político no estado vai acontecer de forma gradativa.
"A política do Amapá está sendo ocupada gradativamente pelas mulheres, tanto que atualmente existem mais gestoras ante aos anos anteriores. Isso é algo que tende somente a crescer porque cada vez mais a mulher parece estar mais engajada nos movimentos sociais", frisou a vereadora Adrianna Ramos.
Na Assembleia do Amapá, existem oito deputadas (Foto: Jaciguara Cruz/Decom/Alap)Na Assembleia do Amapá, existem oito deputadas
(Foto: Jaciguara Cruz/Decom/Alap)
Na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), o número de mulheres ainda é maior que no parlamento municipal de Macapá e representa um terço do total de 24 deputados. Existem atualmente oito mulheres no parlamento, sendo a mesma quantidade da legislatura passada. O número anterior registrava apenas duas representações femininas no plenário da Casa.
Processo inverso ocorreu na Câmara dos Deputados. Dos oito parlamentares federais eleitos pelo Amapá, três são mulheres. A legislatura anterior era composta por quatro do sexo feminino.
Depois de transformado em estado, em 1988, o Amapá é governado atualmente pelo sétimo governador. A única vez que o estado foi comandado por uma mulher aconteceu entre abril e dezembro de 2002, quando Dalva Figueiredo (PT), vice-governadora à época, ocupou o poder executivo em substituição a João Capiberibe (PSB), que se licenciou para concorrer ao Senado naquele ano. Ela perdeu no segundo turno das eleições para Waldez Góes, do PDT.
Ainda não teve uma mulher com grande chances para candidaturas majoritárias, com exceção das que pertencem a famílias e grupos políticos"
Richard Leão, sociólogo e professor universitário
Para o sociólogo e professor universitário Richard Leão, a escolha da maiora dos políticos do sexo masculino para cargos eleitorais é resultado da influência de famílias e grupos tradicionais da política recente do estado e não tem relação com um suposto preconceito do eleitor com o gênero feminino.
"A mulher deve participar mais da política na base, a exemplo de movimentos sociais, para provocar maior adesão aos cargos eletivos, mas acredito que isso pode acontecer somente daqui a 20 anos. Não acredito que o eleitor seja conservador. Ainda não teve uma mulher com grandes chances para candidaturas majoritárias, com exceção das que pertencem a famílias e grupos políticos. Ou seja, o eleitor ainda é muito influenciado pela ligação que o candidato tem com determinados grupos", comentou Leão.
Tribunais
Diferente do que ocorre na política eleitoral, outros setores administrativos registraram mulheres na gestão, como é o caso do Ministério Público (MP) do Amapá, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Tribunal de Justiça (Tjap).
A primeira a ocupar um cargo nos órgãos foi a conselheira Margareth Salomão, no TCE. Ela esteve a frente o órgão entre 1990 a 2002, sendo também a pioneira na Corte de Contas. Atualmente, o órgão também tem uma mulher na gestão, a conselheira Elizabeth Picanço, desde 2010.
A segunda mulher eleita para comandar uma instituição pública no estado foi Ivana Cei, entre 2011 e 2015, no MP do Amapá. A última, a desembargadora Sueli Pini, foi empossada na quinta-feira (5) como presidente do Tjap

Comentários