Pular para o conteúdo principal

Pires X Stédile - Totó

Gonzaga Mota*

Nesse resumido texto, tentarei mostrar, do ponto de vista histórico, atitudes de dois homens públicos brasileiros no passado recente. Há 30 anos, o presidente Figueiredo desejava, realmente, iniciar a redemocratização em razão da vontade obstinada do povo brasileiro. Digo isto, com extrema isenção, porque vivi aquela época e não gozava da simpatia do presidente, pelo contrário. Divergimos, num primeiro momento, quando defendi as eleições diretas (Emenda Dante de Oliveira) e, posteriormente, quando ao lado de Aureliano Chaves e outros, apoiamos a candidatura de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. Figueiredo, pressionado por alguns civis e militares para apoiar a candidatura do deputado Paulo Maluf, respondia com rispidez a quem lhe abordava sobre o processo sucessório. Certa vez, em São Paulo, disse para os contrários à redemocratiza-ção: "prendo e arrebento"; em outra ocasião, usando de sinceridade que lhe era peculiar, vinha sendo tão provocado para não permitir a abertura política chegando a ressaltar: se não quiserem "eu chamo o Pires". Para os leitores mais jovens, o general Walter Pires era o então ministro do Exército. Por outro lado, no início de março, o presidente Lula, maior líder popular do Brasil no momento, externou para aqueles que não concordam com seus companheiros a possibilidade de chamar o exército do Stédile (líder do MST). O presidente Figueiredo não convocou o Pires (ocorreu a redemocratização). O povo brasileiro espera que não seja realizada a ameaça de Lula, pois deseja paz, democracia, ética, desenvolvimento e entendimento entre irmãos e não guerra.

*Integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, poeta, escritor, professor da UFC e ex-governador do Ceará  

Comentários