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Crianças: principais vítimas do consumismo

 domtotal.com

Psicóloga aponta efeitos preocupantes da exposição de crianças ao excesso de estímulos ao consumo.
Por Alexandre Vaz
Redação Dom Total


Embora o consumismo produza efeitos negativos no bem estar emocional e financeiro de todas as pessoas, independentemente de sexo, idade ou classe social, os especialistas são unânimes em afirmar que são as crianças a principal fonte de preocupação, quando a discussão gira em torno dos efeitos colaterais causados pelo excesso de estímulos à aquisição de bens e serviços, vindos da televisão, internet e demais meios de comunicação. 

A psicóloga e pesquisadora de Cultura Infantil da Faculdade de Educação (FAE) da UFMG, Maria Cristina Soares Gouvêa, explica que a infância período da vida em que o indivíduo está com a personalidade em formação, no qual ele retira suas principais referências para a futura vida adulta. 

“Como, hoje em dia, os pais estão sem tempo e paciência para lidar com os filhos, eles acabam sendo educados pela TV, a ‘babá eletrônica’. Isso traz consequências preocupantes, uma vez que os meios de comunicação não têm compromisso com a formação ética e social de seu público. Para a propaganda, as crianças são apenas consumidores”, explica.

A pesquisadora alerta para o perigo dos valores subliminares contidos tanto na publicidade quanto nos programas de TV, que induzem o indivíduo a pensar que ele vale pelo que consome, e não pelo que ele é. Na criança, essa mensagem tende a ter um efeito devastador, uma vez que lhe falta discernimento crítico para perceber que se trata de uma mensagem manipuladora, cujo objetivo é levá-la a pensar que ela precisa ter determinado produto ou serviço para sentir-se querida.

Como exemplo, Maria Cristina Gouvêa cita uma pesquisa realizada pela UFMG com um grupo de crianças de diferentes classes sociais. Em uma sala, elas ficaram assistindo a diferentes propagandas de produtos voltados para o público infantil. “Enquanto os meninos de melhor condição financeira se sentiram confortáveis e até estimulados pelas mensagens, os de renda mais baixa se incomodaram com a propaganda de produtos que eles sabiam que não podiam adquirir. Alguns nem conseguiram ficar no recinto e pediram para se retirar”, conta. 

“O conteúdo ético da publicidade é altamente pernicioso, pois gera conflito interno no indivíduo. Ele passa a acreditar que ele vale pela aquisição de determinado objeto para preencher seu vazio interno. Ao adquiri-lo, o indivíduo são preenchidos por um sentimento de satisfação que rapidamente se transforma em angústia, novamente, já que o produto novo deixou de ser novo. É um ciclo vicioso que gera efeitos perigosos ”. 

Para reverter essa situação, a pesquisadora afirma que é preciso um trabalho coletivo, tanto da família quanto da escola. “É preciso que ambos (família e escola) ocupem esse lugar ético para a criança. E para isso, os pais têm que se conscientizar da importância de se envolverem no processo educacional de seus filhos. E as escolas também precisam adequar-se ao desafio de se formar futuros cidadãos”, completa.

Redação Dom Total

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