Pular para o conteúdo principal

O leão e a cobra

Gonzaga Mota*

O leão Tadu, forte e arrogante, há anos, dominava a bela e rica floresta Baframa localizada no continente Matão. Era tagarela por natureza e sempre auferia os eventuais bônus e não admitia os ônus de suas políticas públicas, culpando outros animais. Parte dos bichos o admirava, em razão de suas ações efêmeras; outra não, por motivo de inconsistentes medidas administrativas às vezes próximas de malfeitos. A renda média dos moradores de Baframa era inferior àquela verificada no contexto universal e relativamente concentrada. A produção global variava de forma negativa e as taxas de inflação, juros e desemprego apresentavam um comportamento ascensional. Eram reduzidos os níveis de produtividade e competitividade. Tadu se preocupava mais em manter o poder. Era um leão muito ambicioso. Por isso, concedia benefícios aos amigos e apoiadores e, em outro plano, preocupava-se com a população animal. Ele e alguns membros do poder executivo da República Florestal tratavam com certa indiferença os dois outros poderes. Infelizmente, o Governo não sabia separar o joio do trigo, o que afetava a independência e harmonia estabelecidas na Constituição. Certa vez, Tadu tomou conhecimento que uma enorme e venenosa cobra estava disputando espaço político em Baframa. Encontrou-a, cercada por vários bichos, falando sobre a necessidade da execução simultânea de planejamentos tático e estratégico. Avançou, de forma feroz, e ao tentar dominar a cobra foi picado. O leão audacioso e cruel faleceu. Esta fábula mostra: para não perder o poder , alguns animais, às vezes, perdem a própria vida.
*Ex-governador do Ceará, professor e escritor  

Comentários