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AMOR APAIXONADO

Pe. Helder José, C.Ss.R., 28 de Março de 2015 às 07h00.
Muitas são as definições de Amor e de Paixão, e de como estes sentimentos tão próximos se processam dentro de nós, e também de como os expressamos em nossa vida, em nossas relações. Podemos dizer que o verdadeiro amor não vive de retribuição, mas de ‘reciprocidade’, uma riqueza da relação tão escassa em nossos dias.

Beijamento da Cruz
A reciprocidade vem daquilo que é recíproco, que há correspondência de parte a parte, uma troca equilibrada entre duas pessoas com seus interesses recíprocos. Aquilo é partilhado, sentido ou demonstrado por ambas as partes, seja numa amizade recíproca ou num verdadeiro amor.
Como compreensão do verdadeiro amor, nos deparamos com outro elemento de essencial importância: a GRATUIDADE. Esta se faz através de uma relação profunda com Deus e, através dela, fugimos das trocas comuns que o mundo pratica, materialistas, nas quais transformamos – a nós e a nossos semelhantes – em coisas, objetos.
A gratuidade coloca o mundo diante duma incógnita, ou seja, o ser humano, sem a vivência da fé, jamais a compreenderá. Podemos assim dizer que o que rege o verdadeiro amor, a verdadeira amizade, o que dá um real significado à Paixão, é a Gratuidade.
Celebrando a Semana Santa, somos convidados a refletir sobre a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, expressão radical de um Apaixonado Amor de Deus Pai para conosco. E nos perguntamos: afinal, o que Jesus fez por nós como nosso maior, melhor e verdadeiro AMIGO? O que exigiu em ‘troca’? Qual o verdadeiro sentido da Santa Semana em nossa vida?
Entre tantas semanas, definimos uma como ‘Santa’, criando a oportunidade de celebrar, de modo especial, com toda piedade e dignidade, o Amor deste Deus que foi ao extremo de doar o seu próprio Filho pela nossa Salvação. Jesus derramou o seu Sangue Bendito, até a última gota, acreditando em cada criatura humana. Em nome do amor atitudes extremas são tomadas em busca de provar suas cristalinas intenções.
A ‘loucura santa’ deste Ser Bendito, com seu Supremo Amor, nos ensina que o mundo ainda não compreendeu o sentido do Amor Verdadeiro e Apaixonado.
 • O Amor Verdadeiro é bem diferente das paixões que buscamos e vivemos, em grande parte inconsequentes;
• O Amor Verdadeiro é muito diverso dos egoísmos tantos praticados, das vaidades orgulhosamente expostas;
• O Amor Verdadeiro atravessa as noites frias, rezando e zelando para que a vida continue sendo MAIS;
• O Amor Verdadeiro grita nos lares, nos palanques, nos altares, por justiça entre iguais - social e muito mais;
• O Amor Verdadeiro cede do necessário para que a fome seja saciada, a miséria erradicada;
• O Amor Verdadeiro suporta a dor de perder as riquezas do mundo em prol de valores absolutos nos quais a vida seja respeitada;
• O Amor Verdadeiro abandona seguranças tidas como intocáveis pelas seguras aventuras do bem que é ETERNO e que aqui começa, nas relações fraternas;
• O Amor Verdadeiro abre os braços para um abraço apaixonado como fez Jesus, no alto daquela Cruz dependurado, naquela Bendita Sexta-feira Santa.
Ah se compreendêssemos a riqueza contida nos ricos acontecimentos desta Santa Semana, com suas dores, alegrias e Esperança!!! As paixões do mundo perderiam todo sentido diante do significado extremo da PAIXÃO DE CRISTO.
Os amores apaixonados que o mundo ensina e prega, com tantos desencontros, falsidades e enganos, cederiam lugar a um novo e verdadeiro sentido do AMOR e de Amar.
O verdadeiro Amor, aquele que Jesus viveu a partir de Sua íntima relação com o Pai, pela nossa salvação, miseráveis pecadores que somos, deve ser experimentado na dor, na gratuidade da entrega, nas constantes renúncias a que somos chamados a fazer se quisermos caminhar com Ele, acolhendo o que gratuitamente nos oferece: um eterno e Apaixonado Amor.

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