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HISTÓRIAS DE HOMOSSEXUALIDADE E DE RENASCIMENTO

Durante o seminário organizado pelo Pontifício Instituto João Paulo II, várias pessoas testemunharam o drama de viver movidos por impulsos indesejados e a subsequente escolha de viver na castidade
Oração
Pixabay CC0 - Geralt
O Evangelho da família que traz consigo a vocação ao amor fundado sobre a diferença sexual, desperta notáveis questões pastorais com relação às pessoas que experimentam atração pelo mesmo sexo.
Com esta finalidade o Pontifício Instituto João Paulo II promoveu a Jornada de Formação Pastoral ‘Viver a verdade no amor’, realizada no último dia 4 de março, em colaboração com Courage Itália.
Alimentando-se da encíclica wojtyliana Redemptor Hominis (n.10), monsenhor Livio Melina, diretor do Instituto João Paulo II, na sua introdução ao seminário, indicou a “maravilha pela dignidade do homem”, como ponto de partida essencial para “viver a vocação ao amor das pessoas que experimentam atração por pessoas do mesmo sexo”.
Deste ponto de vista, o Magistério da Igreja oferece um “ponto de referência irrenunciável”, em particular através da “teologi do corpo” de São João Paulo II que “capta a relevância normativa da diferença entre homem e mulher para a vocação ao amor”.
Entre as intervenções, houve a do professor Juan José Pérez-Soba, docente no Pontifício Instituto João Paulo II, que sublinhou como “a verdade do amor” seja uma “questão antropológica”, como também a “luz na qual o homem pode compreender-se e encontrar o sentido da sua sexualidade”.
Já em Platão, de fato, “a sexualidade se refere sempre a uma origem e a uma fecundidade”, que na concepção cristã é reforçada pela “realidade da criação por amor que une a dignidade da pessoa com a vocação de Deus a amar”. Chega-se então a uma “consideração da identidade sexual como realidade na qual o homem responde com totalidade, e onde o corpo e o tempo estão presentes”, acrescentou o docente.
Referiu-se também ao Instrumentum Laboris do último Sínodo sobre a família, Pe. Paulo Gentili, diretor do Departamento Nacional da CEI para a Pastoral da família. Aquele documento solicitava uma atenção especial das pastorais diocesanas à realidade dos homossexuais, enquanto que no discurso de fechamento da Assembleia sinodal, o Papa Francisco tinha recordado que “os verdadeiros defensores da doutrina não são aqueles que defendem a letra, mas o Espírito”.
“Muitas vezes a preocupação moral – disse pe. Gentili – que é certamente compreensível, tem obscurecido o anúncio fazendo curto-circuito com uma sociedade que perdeu as conotações morais, e onde é evidente a fratura entre amor, sexualidade e procriação. No entanto, diante de tantas vítimas da fluidez do amor, não podemos perder o ânimo”.
Por sua parte, o responsável de Courage Itália, Alberto Corteggiani, recordou a origem da iniciativa. Nascido nos anos 80 nos Estados Unidos, por iniciativa de Pe. John F. Harvey, Courage foi aprovado a nível diocesano pelo então cardeal arcebispo de Nova York, Terence Cook, depois foi reconhecido pela Santa Sé. O primeiro grupo italiano nasce em Roma, no dia 3 de junho de 2012.
“Entre as atividades oferecidas por Courage estão os grupos de apoio espiriutal cujos membros podem compartilhar e testemunhar o próprio caminho de forma livre, gratuita e anônima”, recordou Corteggiani.
Por ocasião do Jubileu, Courage propôs o projeto Coming Home, com o qual convida as pessoas com tendência homossexual “a voltar para a Igreja (a sua verdadeira casa) em vez de sair”.
Entre os testemunhos dados durante o seminário se destaca o de Andrea, professora de 47 anos, que dos 13 aos 20-25 anos, conviveu com uma tendência homossexual “sempre mais enraizada”, mas também não desejada.
“Os muitos padres a quem confiei esse fato não foram capazes de acompanhar-me de forma adequada – disse André – . Um deles me convidou a não tocar mais no assunto. Depois da confissão voltava a ficar só. Na solidão e na dissimulação escondi por décadas este fato, também aos amigos mais próximos. No entanto, a raiva com a Igreja e o movimento ao qual pertenço só crescia”.
Aos 46 anos, André, depois de muitos anos de psicoterapia, conheceu Courage, onde acolheu a hipótese de que a sua homossexualidade fosse uma “estranha vocação à castidade”. Através desta experiência, encontrei a possibilidade de “sair do solipsismo” e de viver uma “ocasião de liberdade e de serenidade na comunhão”.
Paulo, 40 anos, viveu uma infância traumatizada por causa do divórcio de seus pais, começando a desenvolver desde a pré-adolescência impulsos homossexuais “inutilmente reprimidos”, com “a consciência ligada ao sentido comum, que nestes impulsos houvesse algo de profundamente antinatural”.
Com o tempo, Paulo começou uma série de relacionamentos homossexuais instáveis, desordenados, até mesmo compulsivos, que desembocaram no abuso do álcool, psicofármacos e narcóticos. À beira do “colapso espiritual, económico, social e físico”, o jovem encontrou “providenciais as palavras firmes e caridosas de um sacerdotes que me advertiu, dizendo-me que, se não tomasse uma sincera decisão de mudar de vida não terpalavras providenciais firme e de um sacerdote de caridade que me advertiu, dizendo-me que se eu não tivesse tomado uma sincera decisão para mudar de vida não me daria mais a absolvição”.
Aqui começou a segunda vida de Paulo, que iniciou na Igreja um “caminho, não fácil, mas necessário”, que gradualmente lhe está devolvendo uma “vida de plenitude”.
A ausência da figura paterna foi uma das razões que conduziram a infância e adolescência de João, 25 anos, dos quais os últimos três em contato com Courage.
“Eu nunca tive um relacionamento com qualquer homem, mesmo que eu fiz algumas coisas das quais não me orgulho com um querido amigo, e casualmente agora não somos mais unidos como eramos na nossa infância”, disse João, cuja vida foi também marcada por uma dependência da pornografia da qual admitiu não estar ainda totalmente liberto.
“Encontrar outras pessoas, que, ao seu modo, passaram pelo que passei e ver experiências de vida que, com a mudança e a conversão, encontraram uma estabilidade que é aquela que eu procurava e que ainda procuro, incentivou-me, depois a curiosidade inicial e a necessidade de falar com alguém daquele eu que sempre procurei esconder de todos, a perseveran na vivência deste apostolado”, concliu depois. Zenit

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