Pular para o conteúdo principal

PONTUAÇÃO: ESBOÇO HISTÓRICO

José Olímpio de Sousa Araújo*

A pontuação começa bem antes dos manuscritos em pergaminhos. Vem da longínqua época de inscrições em pedras, túmulos, árvores e outros materiais duros (daí o termo ‘literatura’ para designar a arte da palavra).
O Prof. João Henrique, em Pontuação na escrita — sua história e emprego é que nos explica:

“A palavra pontuação provém do verbo latino ponctuare. Este verbo tem sua origem no vocábulo ponctum, que significa pequeno buraco feito com o ponteiro (ponta do estilete que servia para abrir as letras nas tábuas de cera, quando escreviam). [...] Etimologicamente, pontuação significa: ação de pontuar. Ora pontuar quer dizer: empregar corretamente os sinais de pontuação nos escritos.
[...]
 “Na antiguidade a escrita era, geralmente, feita com letras todas maiúsculas e a igual distância umas das outras. Então o ponto tornava-se necessário para separar as palavras e distingui-las bem.” [...]
“Convém advertir que, sobretudo nas inscrições murais e nas campas tumulares, quando terminava a palavra no fim da linha, não se colocava aí ponto algum.”

Assim, o ponto surgiu com função distintiva, bem diferente do emprego atual. 
Mas ainda na Antiguidade têm início as funções pausais da pontuação.
Úrsula Dubosarsky, no sugestivo ensaio Pontuação?!... (revista Seleções Reader’s Digest, nov. 2008) também aborda o tema. Marcamos aqui algumas colocações suas para  complementamos este breve histórico.
Os sinais, chamados “pontos” (por isso, o termo ‘pontuação’), serviam para marcar a pausa de respiração e o que devia ser enfatizado pelo leitor.
 No século II a.C., Aristóteles já empregava a vírgula, os dois-pontos e o ponto, com funções de pausa, semelhantes às de hoje (as denominações desses sinais originam-se de expressões gregas): o ponto, significando “contorno”, indicava pausa longa ou final; a vírgula, significando “pedaço cortado”, indicava pausa curta; os dois-pontos, “membro, pedaço ou verso de um poema”, indicava pausa média.
No início da era cristã, já se usavam muitos sinais, mas sem uniformidade. Somente a partir do século XV, com a invenção da imprensa por Guttemberg, começaram a estabelecer-se as atuais regras de pontuação.
No século XVII, o ponto de exclamação (que originariamente indicava apenas pausa) passou ao emprego que hoje conhecemos; o mesmo ocorreu com o ponto de interrogação (no início, o desenho de uma minhoquinha em cima do ponto a sugerir um aumento de tom). Também no século XVII, o tipógrafo francês Guillaumet introduziu as aspas. Antes, o discurso direto era marcado por um grifo, como o sublinhado.
A pontuação muda inclusive geograficamente. A interrogação, por exemplo, no grego é assinalada pelo ponto e vírgula; no árabe, o mesmo sinal que usamos em português, mas posto no início da frase, com a abertura ao contrário; já o espanhol, além do ponto de interrogação no final da frase, põe outro no início, de cabeça para baixo. Holandeses e finlandeses usam como aspas os sinais <<  >>.
*Coautor dos livros “Desenvolvendo a habilidade de escrever” e “Ortografia Atualizada” / Secretário da Academia Metropolitana de Fortaleza. 

Comentários

Postar um comentário