RECLAMAÇÃO

16 de março de 2016

As mesmas palavras/os mesmos problemas…

Por Carlos Ávila

Depois da festa (democrática), vem a ressaca… Qual a saída? Ruim com fulano, pior com sicrano (o drama da deterioração política). Perspectiva zero na crise brasileira: corrupção generalizada, volta da inflação, desemprego, falta de investimento e de oportunidade para os jovens, desencanto para os mais velhos – que já viram muita coisa, e estão cansados deste cenário.

A educação que nunca é, de fato, prioridade; a saúde sucateada; a falta de projetos sérios para a mobilidade urbana; a ausência de segurança e o aumento da violência em toda parte (não dá mais para chamar a polícia!); o meio ambiente maltratado por lama e ganância econômica; os indígenas como meros sobreviventes cada vez mais ignorados; a igualdade racial de fachada…

Ainda mais: o descaso com o nosso frágil patrimônio histórico-cultural; o fechamento de locadoras, lojas de discos e livrarias – também de jornais e editoras; as artes sem força e vigor crítico (funcionando, muitas vezes, como mero entretenimento ou “ornamento”, ambos comerciais); enfim, o emburrecimento e o embrutecimento do país.

Aliás, onde foi parar o projeto de país (se é que havia algum)? Hoje, o único projeto conhecido é o de poder. Sim, poder: a picada da mosca azul; poder – palavra pesada, mas que permite (graças aos céus!) uma inversão de suas letras: depor.

Panorama: insatisfação de milhões nas ruas & ódio nas redes sociais – o repetido e nauseante menu (no banquete da pobreza de espírito) apenas com coxinhas e acarajés estragados. Este último domingo, dia 13, revelou um tecido social esgarçado – saturado e sem sutura possível, pelo menos no curto prazo.

Reivindicações, protestos, queixas – vindos da direita, da esquerda, do centro, de baixo, de cima, de toda parte. “Há quanto tempo eu ouço essas palavras…” (ninguém aguenta mais!); elas trazem à memória um proverbial samba de Paulinho da Viola (em parceria com Mauro Duarte): “Reclamação” – seguem letra & link.

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Há quanto tempo eu ouço essas palavras

há muito tempo eu procuro a solução

neste dia a dia eu não tenho alegria

mas parece que eu não estou sozinho não

Você não é o primeiro

que hoje vem pra me falar

que anda procurando um jeito

um jeito de desabafar

As mesmas palavras

os mesmos problemas

a mesma dor em todo lugar

e tem isso e tem aquilo

eu não ando mais tranquilo

só de ouvir reclamação

Minha gente

eu também procuro a solução

minha gente

eu também procuro a solução

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Ouça a canção: