Pular para o conteúdo principal

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA: “NÃO ESPERO UM DOCUMENTO REVOLUCIONÁRIO”, DIZ O CARDEAL KASPER

O purpurado alemão recua das declarações de algumas semanas atrás e afirma a “profunda continuidade” entre Bento XVI e Francisco
WalterKasper200806-740x493
Walter Kasper - Wikimedia Commons
A uma semana da publicação da exortação pós-sinodal Amoris laetitia, o cardeal Walter Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, participou em Roma do Congresso Apostólico Europeu sobre a Misericórdia, realizado na Basílica de Santo André della Valle. Kasper comentou que ainda não conhece o conteúdo da exortação apostólica.
“Eu não li, não conheço nenhuma linha, mas tenho a confiança de que o papa vai encontrar as palavras certas para promover a paz no debate e, especialmente, para confortar as famílias e explicar qual é o conceito cristão, católico, de família, e dar forças para se viver o mistério do amor na família”.
Kasper voltou depois à controversa questão da Eucaristia para divorciados em segunda união, tema a respeito do qual houve discussões acaloradas há dois anos devido à sua postura considerada “aberta”. “Cada um de nós precisa da misericórdia, ainda mais essas pessoas cujo caminho é muito difícil”, disse o cardeal, sublinhando que “a doutrina não muda, mas a disciplina pode ser mudada”. As pessoas em situações matrimoniais irregulares, considera ele, poderiam ser admitidas em papéis ministeriais leigos (padrinhos, leitores etc).
Quanto à exortação apostólica, o ex-presidente de dicastério prevê que o texto do papa seguirá “a linha do Sínodo”, recordando que o documento final foi votado “com maioria de dois terços”. A linha do papa, reiterou o cardeal, é a misericórdia: “não é o dedo apontado, mas a mão estendida para ajudar as pessoas em dificuldade”.
As declarações de hoje do cardeal Kasper parecem uma parcial volta atrás em comparação com o que ele disse em 17 de março: “O documento marcará o início da maior revolução na Igreja em 1500 anos”.
Também na manhã de hoje, Kasper declarou que entre Bento XVI e Francisco existe uma “profunda continuidade” e não “oposição, como alguns dizem”. Ratzinger, acrescenta o cardeal, “deixou uma grande herança, uma profunda herança na Igreja, porque ele é um extraordinário papa teólogo, como mostram suas homilias e catequeses”.
O presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos também apontou que a misericórdia não equivale a mero “bonismo”. A misericórdia não pode ser apenas “uma linguagem do coração” ou uma “compaixão emocional passiva”. Ela é, acima de tudo, “um combate ativo contra o mal”.
“O problema fundamental da pastoral”, concluiu Kasper, é “o modo de falar de Deus numa situação secularizada, na qual Deus se tornou estrangeiro, na qual muitos corações não parecem mais conter a busca e o desejo de Deus”.
Zenit

Comentários