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ESTUPRO

Grecianny Carvalho Cordeiro*


O que nos torna diferentes dos animais irracionais? O que nos faz humanos?

Um animal irracional não pensa. Um animal irracional não cria, não idealiza, não sonha. Um animal irracional age basicamente por instinto de sobrevivência, imprescindível para manter-se vivo, para perpetuar sua espécie. Um animal irracional mantém relações sexuais com outros animais irracionais para atender ao seu instinto de macho. É mais ou menos assim que a coisa funciona no reino animal.

Um ser humano pensa, sonha, chora, sofre, sorri, ama, desama, se apaixona, canta, dança e faz inúmeras outras coisas capazes de maravilhar ou apavorar o seu semelhante. Um ser humano não age basicamente por instinto – às vezes -, mas com a razão e a emoção, onde o equilíbrio se constitui no maior desafio. Um ser humano mantem relações sexuais... bem, aí tudo fica complicado.
Há casos – e muitos sabem disso – que um ser humano mantem relações sexuais com animais irracionais, vaca, égua, jumenta, galinha. Isso acontecia – e com certeza ainda acontece - muito no interior e não eram poucos os garotos, já homens, que até se vangloriam disso, contando suas aventurais sexuais em rodas de conversa entre amigos.
O ser humano mantem relações sexuais para satisfazer sua sexualidade e, em último caso, para perpetuar a espécie. Um ser humano mantém relações sexuais com um parceiro ou mais, pertencendo ao mesmo gênero ou não. O fato é que as relações humanas, a globalização, a evolução da sociedade, enfim, o passar do tempo, provocou grandes transformações nos relacionamentos entre os seres humanos, em especial, no tocante à sexualidade.
Vivemos uma era em que o estupro virou uma espécie de moda pelo avesso, uma prática cruel e ridícula de satisfazer a desejos insanos. Aliás, estupro é palavra antiga no dicionário da humanidade, e sempre esteve relacionada a exibição de poder e de humilhação.
Estupro virou palavra de ordem. Se uma mulher foi estuprada, por um ou vários homens, foi porque assim quis e mereceu, porque fez alguma coisa errada, porque deu “mole”;  porque estava bêbada; e em qualquer circunstância, vale mais a palavra do agressor que a da vítima. Essa tem sido a mentalidade de muitos diante de casos de estupro. Lamentável.
Estupro. Por que? Pra quê? Doença ou instinto? Safadeza ou pervesidade? Um pouco de tudo.
Seja o que for. Seja qual for a explicação dada pelos seus simpatizantes e praticantes, isso não se concebe.
A imbecilidade reina.  
*Escritora, Promotora de Justiça e presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza

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