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NÚRIA ESPERT, A GRANDE DAMA DO TEATRO

A atriz receberá, em outubro, o Prêmio Princesa das Astúrias das Artes 2016.
Nos anos 70, Núria Espert trouxe ao Brasil sua magistral montagem de Yerma.
Por Marco Lacerda*
A atriz e diretora espanhola de teatro Núria Espert é a vencedora do Prêmio Princesa das Astúrias das Artes 2016, superando 40 candidatos de 21 nacionalidades. Espert, considerada a grande dama do teatro espanhol, tinha sido indicada ao prêmio em outras ocasiões, e desta vez venceu o artista americano James Turrell, a violinista alemã Anne-Sophie Mutter e o diretor de orquestra russo Valery Gergiev.
A candidatura da atriz espanhola tinha sido proposta pelo diretor artístico do Teatro Real de Madri, Joan Matabosch, e por seu colega do Teatre Lliure de Barcelona, Lluis Pasqual. No ano passado, o prêmio tinha sido concedido ao cineasta americano Francis Ford Coppola, diretor da trilogia "O poderoso chefão".
O Prêmio Princesa das Astúrias das Artes homenageia pessoas ou instituições nos setores do cinema, teatro, dança, da música, fotografia, pintura, escultura, arquitetura e outras manifestações artísticas que tenham realizado uma contribuição relevante ao patrimônio cultural da humanidade.
Este é o primeiro dos oito prêmios concedidos pela Fundação Princesa das Astúrias e será entregue na cidade de Oviedo, no norte da Espanha, em outubro. Os vencedores levam uma escultura projetada por Joan Miró, 50 mil euros, um diploma e uma insígnia.
O Prémio Princesa das Astúrias para as Artes é Núria Espert Romero, anunciou esta quarta-feira a fundação a partir de Oviedo. A encenadora e actriz catalã é um conhecido rosto dos palcos espanhóis, tendo fundado a sua própria companhia teatral em 1959 e estendido o seu trabalho ao cinema, à televisão mas também à interpretação e direção na ópera. Foi a primeira mulher a ser Hamlet na Espanha, entre outros momentos altos da sua carreira.
Núria Espert representa a recuperação e a continuidade da grande tradição do teatro espanhol, tanto em língua castelhana quanto em língua catalã, e projetou internacionalmente a literatura e a criação teatral hispânica, clássica e contemporânea ao longo de uma carreira rica que a levou ao triunfo nos palcos de todo o mundo.
Núria começou a trabalhar aos 12 anos e estava perto dos 20 anos quando foi Medeia com o Teatro de Câmara de Barcelona. Quatro anos depois fundaria a sua própria companhia homónima com o marido, Armando Moreno, que a dirigiu no cinema como protagonista do filme Maria Rosa (1965), um dos seus primeiros papéis em décadas de participação cinematográfica e televisiva. No teatro, lançou-se então na produção e ao longo dos anos levou à cena peças de Lope de Vega, Séneca, Eurípides, Sartre, Bertolt Brecht e Shakespeare, além de uma memorável Yerma de Federico García Lorca, e As Criadas, de Genet, que no final da década de 1960 e no início da década de 1971 a fizeram ser visada pela censura do regime franquista com espetáculos suspensos.
Yerma, a obra de García Lorca dirigida por Victor García se tornaria a produção mais emblemática de Núria, que viajou com o espetáculo pelo mundo - Londres, Paris, Nova Iorque, Buenos Aires, Rio de Janeiro, São Paulo, Tóquio, Jerusalém, entre muitas outras cidades. Núria fez Lorca como ninguém e converteu Brecht numa metáfora da guerra civil espanhola.
Rei Lear, com Núria Espert. Veja o vídeo.
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do Dom Total.

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