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PABLO IGLESIAS, CARISMÁTICO E NARCISISTA

 domtotal.com
O jovem é o mais forte candidato da esquerda a vencer as eleições na Espanha.
"Como líder mundial, o papa Francisco rema em uma direção muito parecida com a nossa".
Por Marco Lacerda*

O secretário geral do partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias, voltou a elogiar a “coragem” do Papa Francisco e o agradeceu por ser capaz de defender coisas que não são fáceis de defender atualmente, mais ainda para um líder mundial como ele.

“Está sendo muito corajoso e como líder mundial rema em uma direção muito parecida com a nossa”, destacou o líder da formação. Na mesma linha, reiterou que ficaria encantado em poder conversar com Bergoglio em alguma oportunidade – uma admiração que disse que não tinha por Ratzinger – e revelou que escreveu uma carta ao Papa Francisco, ainda que tenha se esquivado de revelar se havia recebido resposta.

Pablo Manuel Iglesias Turrión, 37 anos, nascido em Madrid, é professor universitário, político, escritor e apresentador de televisão. Em 2014 foi eleito eurodeputado pelo Podemos e é atualmente o secretário geral do partido.

Seu avô Manuel Iglesias Ramírez, um socialista humanista, foi condenado à morte pelo franquismo, até que a pena foi comutada para prisão graças aos testemunhos de membros da Falange que desmontaram muitas das acusações que se haviam feito contra ele.

Pablo Iglesias é licenciado em Direito e em Ciência Política pela Universidade Complutense de Madrid, onde também obteve o doutoramento em 2008, com uma tese sobre a ação coletiva pós-nacional, o diploma de estudos avançados em ciência política e da administração e o certificado de docência. Outros estudos de pós-graduação realizados incluem um máster em Humanidades (2010) pela Universidade Carlos III com uma tese sobre análise política do cinema, e um Master of Arts in Communication (2011) pelo European Graduate School na Suiça, onde realizou cursos de filosofia dos meios de comunicação e estudou teoria política, cinema e psicanálise. Foi professor titular interino de ciências políticas na Universidade Complutense, sendo nomeado professor honorário da mesma em setembro de 2014.

A nova realidade da política espanhola continua a ser jogada a quatro, mas as eleições de 26 de junho, seis meses depois das que deram origem ao Parlamento mais fragmentado da história do país, com os partidos incapazes de se entenderem para formar governo, parecem destinadas a ser uma batalha entre extremos. Diferentes sondagens mostram o Partido Popular, atualmente no poder, aumentando a sua vantagem sobre os rivais, mas a quilômetros da maioria absoluta, e a nova coligação de esquerda, Unidos Podemos, ultrapassando o PSOE e estabelecendo-se como maior formação à esquerda.

A pergunta que se fazem políticos, jornalistas e analisa é como e porque Pablo Iglesias, um professor até bem pouco desconhecido, foi capaz de chegar ao coração dos cidadãos. A resposta de muitos e do próprio Pablo é que “não foram nossos acertos, mas os erros dos demais”. Mas esta explicação não contém toda a verdade. O grande acerto de Iglesias é ter sabido canalizar a ira e o desalento de muitos espanhóis. A ira provocada pela onda de corrupção com que se levantam todos os dias trabalhadores que vem seu nível de vida e o de seus filhos despencar vertiginosamente. E o desalento de não ver uma luz no fim do túnel.

Pablo Iglesias é a solução? A curto prazo, seu discurso carismático proporciona um bálsamos calmante que atenua as dores dos cidadãos em seu desencanto com a classe política. Por outro lado, a personalidade narcisista de Iglesias pode resultar em ações unilaterais e sem diálogo que podem por em risco, como alguns temem os próprios pilares da democracia.

Conheça Pablo Iglesias, o líder do partido Podemos.

*Marco Lacerda é jornalista escritor e Editor Especial do DomTotal.

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