Pular para o conteúdo principal

Livro Comportamento: Por que mentimos?

O livro História Universal da Mentira descortina as principais formas de enganação que o ser humano realiza para si mesmo

Não há consenso na literatura médica sobre as razões que levam uma pessoa a mentir. O que se sabe é que, em variados graus, as pequenas enganações do cotidiano existem. Na tentativa de parecerem mais bonitos, mais ricos ou mais pobres - os seres humanos acrescentam ou omitem detalhes. “Embora a maioria das pessoas já tenha mentido, poucos entendem o quão destrutivo a mentira pode vir a ser nas relações pessoais, profissionais e sociais”. A reflexão é de Fábio Gomes de Matos, PhD em Psiquiatria e docente da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Entender a lógica de um mentiroso é tarefa tão complexa quanto a rede de embustes que se forma com os “falsos testemunhos”. Para garantir a verossimilhança de uma história, quem mente acaba embarcando em uma jornada de enganações. A máxima “a mentira tem perna curta” é justificada. As piores fraudes, afirma o economista Roland Fischmann, são aquelas contadas internamente. Uma espécie de “mentira para si mesmo”.

Roland é autor do recém lançado História Universal da Mentira – seleção de contos sobre a “falsidade” como construção do ser humano. No livro, as personagens vivenciam situações extremas e são levadas ao confronto sobre quem elas realmente são. A publicação, de 163 páginas, foi lançada pela Editora Amarilys. “Tenho escrito sobre a temática nos últimos 15 anos. Nós convivemos com o tema mentira durante todo o tempo. Mentiras benignas e mentiras malignas. Existem inúmeras categorias. Um exemplo, como mentira clássica que se conta, é a chupeta. Para o neném, damos a chupeta e é uma mentira. Ele aceita. Não é necessariamente ruim para ele ou para a mãe. Mas ele não está mamando. É a primeira mentira!”, opina o escritor.

Fábio Gomes de Matos aponta três razões que nos levam a mentir: o medo – de revelar algo que somos ou não somos, das consequências de nossas ações, atitudes, convicções; a falta de habilidades de resolução de problemas; e a falta de capacidade para lidar com eventos inesperados. Na opinião do psiquiatra, a maioria das pessoas já mentiu em alguma situação da vida. Por isso, é importante entender qual o padrão ou qual a forma de mentira que pode ser considerada doentia. “Usualmente quando o indivíduo pensa que aquela mentira pode resultar em uma vantagem ou benefício para si e manipula as pessoas para obter o que deseja muito provavelmente esta pessoa tem o que nós, psiquiatras, chamamos de personalidade antissocial. São os mentirosos compulsivos ou psicopatas”, explica.

SERVIÇO
História Universal da Mentira
Roland Fischmann
Preço: R$ 29,90
Editora: Amarilys
163 páginas

ENTENDA OS DIFERENTES TIPOS DE MENTIRA

Veja compilação do psiquiatra Fábio Gomes de Matos sobre os principais tipos de mentiras contadas.

MENTIRAS INOFENSIVAS

São aquelas que evitam que outra seja magoada ou constrangida. Por exemplo, em um aniversário, a mãe da criança pergunta aos convidados se a criança está linda. Obviamente todos respondem que sim, embora a criança, na opinião de muitos, não esteja.


MENTIRAS PESSOAIS

A mentira que contamos para nós mesmos em relação ao nosso passado, presente e futuro para criar uma imagem favorável de nós mesmos. Quantas vezes fantasiamos eventos que ocorreram na nossa vida e os editamos de forma mentirosa?


MENTIRAS NOS RELACIONAMENTOS

Possivelmente, a mentira no amor é muito frequente. Quantas vezes as pessoas já ouviram frases como: “vou te amar para sempre”, “você é o homem da minha vida”. Eram verdade? Frequentemente o tempo vem demonstrar que não.


MENTIRAS PROFISSIONAIS (OU OMISSÕES)

Quantas vezes no nosso curriculum vitae deixamos de mencionar quantas entrevistas, provas, exames, vestibulares já nos submetemos e fomos reprovados, não aceitos. Outra forma de mentiras profissionais é transferir a culpa, por exemplo: “Eu não tomei a decisão, foi meu chefe, meu colega etc.”


MENTIRAS ECONÔMICAS

Este tipo de mentira pode ser divida em dois grupos: pessoais – quando para impressionar uma pessoa nós dissemos que somos mais ricos ou mais pobres do que na realidade somos; e sociais – quando compramos carros, roupas e temos um estilo de vida que é incompatível com nossos rendimentos só para impressionar alguém.


MENTIRAS POLÍTICAS.
Quão frequente políticos prometem o que não irão fazer? As promessas eleitorais, muitas vezes, são um prato cheio de mentiras. Mentiras políticas acontecem aqui e alhures. Certa vez, em um debate no parlamento inglês entre Margaret Thatcher, então primeira ministra do partido conservador, e Neil Kinnock, do partido trabalhista inglês, ele ao rebater os argumentos oferecidos por ela na discussão menciona que ela estava sendo econômica com a verdade.

O Povo

Comentários