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Livro-reportagem investiga história real que inspirou filme

Livro-reportagem investiga história real de possessão que inspirou o filme clássico de 1973

Cena da série O Exorcista, com Alfonso Herrera, que estreia em setembro nos Estados Unidos, no canal FOX
Pouca gente conhece a história por trás da possessão de Regan MacNeil, a garotinha de 12 anos que assombrou gerações depois de aparecer girando o pescoço e vomitando verde em O Exorcista, o clássico filme de terror de 1973. O caso real que inspirou a ficção aconteceu nos primeiros meses de 1949, em uma típica família norte-americana que ainda se recuperava dos efeitos da Grande Depressão.
Publicado originalmente em 1993, só agora chegou ao Brasil o livro-reportagem que investigou a história real e trouxe ao público os segredos até então escondidos pelos sacerdotes envolvidos no ritual. Em Exorcismo, o jornalista estadunidense Thomas B. Allen se apoia no acesso que teve ao diário de um padre jesuíta que acompanhou a possessão para reconstituir os meses de aflição vividos pela família.

Diferente do que é mostrado no filme, a vítima original da possessão foi um menino de 12 anos, citado pelo autor com o pseudônimo de Robert, filho de um funcionário do governo federal “de salário baixo e trabalho estável”. A família residia no subúrbio de Maryland e Robert era uma criança tranquila até começar a brincar com um tabuleiro Ouija, recebido como presente de uma tia espírita que viria a falecer poucos dias depois.

Amparado pelo diário do padre envolvido no ritual de exorcismo e pelo depoimento de pessoas ligadas aos acontecimentos daqueles meses, o autor narra o gradativo mergulho do garoto em um cenário de loucura e aflição que começa com batidas e arranhões nas paredes do quarto e segue até um quadro perturbador de violência física e chantagem psicológica. Atendidos por médicos, psicólogos, psiquiatras, videntes e pastores, Robert e sua família assistiam impotentes ao fracasso dos tratamentos sugeridos e à transformação do garoto em uma personalidade solitária e taciturna.

O autor acerta ao analisar, em meio ao relato, a evolução do ritual de exorcismo e o modo como ele foi encarado ao longo do tempo. “Desde os primeiros séculos da cristandade, através da Idade Média, até o século XVII, a possessão fora tão comum na Europa que a Igreja precisava de uma abundância de exorcistas”, escreve. Julgada como primitiva e enterrada sob camadas de lógica e ciência, a possibilidade possessão chegou aos nossos dias como um mito.

No caso de Robert, diversos padres recusaram a tarefa de assumir o ritual por medo da repercussão negativa que a atitude poderia ter junto aos ideais modernistas da Igreja. Temiam ser ridicularizados perante os colegas, que tentavam levar a religião em direção a uma nova era ecumênica. Antes de encontrar um sacerdote disposto a aceitar a possessão, os pais do garoto foram aconselhados a procurar hospitais para doentes mentais, onde ainda eram feitos tratamentos com choques elétricos e a lobotomia frontal era opção comum para pacientes agressivos e paranoicos.

Lançado pela DarkSide Books, editora especializada em livros de horror e fantasia, Exorcismo cumpre bem o propósito editorial de assustar e prender a atenção dos leitores. A narrativa do autor é embasada por datas e endereços exatos, além de notas que esclarecem a origem de cada declaração publicada. O diário do padre Bowdern, reproduzido integralmente na metade final do volume, não apresenta muitas novidades, mas pode servir como fonte de consulta e comprovação para os argumentos do autor.

NO CINEMA

O EXORCISTA (1973)
Dirigido por William Friedkin e baseado no romance de William Peter Blatty (que se inspirou no caso da família de Maryland), lançou Linda Blair ao estrelato e foi indicados a dez Oscar. Venceu nas categorias de melhor roteiro adaptado e melhor som.

O EXORCISMO DE EMILY ROSE (2005)
Filme baseado no caso verídico da jovem católica Anneliese Michel, que em 1976 foi submetida ao ritual de exorcismo na Alemanha, depois de vários anos de tratamentos psiquiátricos ineficazes. 

REQUIEM (2006)
Também baseado na história de Anneliese, este filme alemão direciona seu argumento para o lado contrário, apostando que o comportamento anormal da jovem teria sido fruto de um quadro raro de epilepsia e esquizofrenia. 

POSSESSÃO (1981)
Um dos filmes mais polêmicos do cineasta polaco Andrzej Zulawski, tem Isabelle Adjani no auge de sua beleza interpretando uma mulher que, após se divorciar, começa a apresentar um comportamento estranho.

SERVIÇO

Exorcismo, de
Thomas B. Allen
254 páginas
Preço: R$38
DarkSide Books
O Povo

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