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Boff alerta sobre bases dos EUA na Argentina

"Há um projeto para recolonizar a América Latina a fazer dela uma zona de exportação".


"A América Latina forneceria os bens que não há em outros lugares".
O ex-padre brasileiro Leonardo Boff, um dos fundadores da Teologia da Libertação, alertou para a possível instalação de duas bases militares americanas na Argentina e denunciou "um projeto para recolonizar a América Latina", em uma entrevista publicada nessa segunda-feira.
"Assusta-nos muito que os Estados Unidos negociem com (o presidente da Argentina) Mauricio Macri duas bases militares, uma na Patagônia e outra na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, perto do maior aquífero do mundo", declarou Boff ao jornal Página/12.
A questão das bases militares não foi abordada durante a recente visita a Buenos Aires do secretário de Estado americano, John Kerry, indicaram, sem excluir a existência do projeto, diplomatas de ambos os países consultados pela AFP.
Em maio passado, o presidente Mauricio Macri enviou uma missão do ministério da Defesa para Washington para retomar o diálogo bilateral na área militar, virtualmente paralisado durante o governo de Cristina Kirchner (2007/2015).
Na ocasião, o vice-ministro da Defesa, Angel Tello, admitiu o interesse que a cidade de Ushuaia (3.200 km ao sul de Buenos Aires) "se torne uma base logística para apoiar o trabalho científico na Antártida", disse ele.
Na semana passada, a deputada de oposição Alcira Argumendo (Projeto Sul, centro-esquerda) denunciou o plano de instalar as bases militares dos Estados Unidos em Misiones, nordeste da Argentina, na chamada Tríplice Fronteira, e Ushuaia, no extremo sul do país.
"Não é por acaso que se pretende instalar uma base militar no norte, onde está o aquífero subterrâneo Guarani, a terceira maior reserva de água doce do mundo, e no sul é uma maneira de controlar a Antártida, porque existe outra grande reserva de água doce, mas congelada", disse a legisladora.
Leonardo Boff, que foi padre franciscano até 1992, disse que "há um projeto para recolonizar a América Latina a fazer dela uma zona de exportação de commodities sem produtos de valor agregado. A América Latina forneceria os bens que não há em outros lugares", acrescentou.

AFP

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