Pular para o conteúdo principal

CINEMA: 'Esperando Acordada' transita entre gêneros

A questão do filme é, então, a transformação da personagem que busca um rumo na vida.


Cena do filme “Esperando Acordada” de Marie Belhomme.

Cena do filme “Esperando Acordada” de Marie Belhomme.
Por Alysson Oliveira
A comédia francesa “Esperando Acordada”, de Marie Belhomme, é uma espécie de fantasia realista, tendo como protagonista a atrapalhada Perrine, interpretada por Isabelle Carré (“Românticos Anônimos”). A questão do filme - o que é comum ao gênero - é, então, a transformação da personagem que busca um rumo na vida.
Perrine é um tipo de faz-tudo: dá aulas de música, anima festas infantis e em asilos, mas não se sente feliz em nenhuma dessas atividades. Qual é o seu lugar no mundo? Uma série de acontecimentos infelizes, contraditoriamente, podem começar a ajudá-la a se encontrar.
Fantasiada para animar uma festa num asilo, ela assusta um homem, enquanto pedia ajuda para localizar o caminho. O sujeito, Fabrice Lunel (Philippe Rebbot), se desequilibra, cai, bate com a cabeça e parece estar morto. Ela liga para a ambulância e foge. Chegando na instituição encontra a diretora, Lucie (Camen Maura), a quem confessa “o crime”. Mas logo se descobre que o homem não morreu, mas está em coma num hospital na região. Perrine sente-se na obrigação de tomar conta dele e começa a visitá-lo, dizendo que é uma prima distante.
A diretora estreante Marie Belhomme, que assina o roteiro com Michel Leclerc, cria uma comédia que transita entre diversas vertentes do gênero – desde a pastelão, com as trapalhadas de sua protagonista, até a de erros (a falsa identidade) e a romântica. As idas e vindas sutis funcionam especialmente por causa do trabalho de sua protagonista que, curiosamente aqui, lembra Amy Adams.
Isabelle Carré é uma atriz versátil, capaz de tirar interpretações profundas tanto em dramas – como a problemática protagonista de “O Refúgio”, ou a freira destemida em “A Linguagem do Coração” – como comédias – desde sofisticadas como “Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais, até mais leves, como “Românticos Anônimos”. A verdade é que aqui, ela é a alma de “Esperando Acordada”, e é impossível imaginar outra atriz que não ela no papel da encantadora Perrine.

Reuters

Comentários