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Conheça os mausoléus dos santos muçulmanos no Mali

Em 2012 passou a integrar a lista de patrimônio em perigo.


Uma menina passa pela mesquita de Djingareyber, em Timbuctu, no dia 6 de junho de 2015.

Uma menina passa pela mesquita de Djingareyber, em Timbuctu, no dia 6 de junho de 2015.
Os mausoléus dos santos muçulmanos de Timbuctu, no norte do Mali, considerados pela população uma proteção frente ao perigo, foram destruídos pelos extremistas em 2012 e reconstruídos pela Unesco.
Na segunda-feira, começa no Tribunal Penal Internacional (TPI) o julgamento sem precedentes, no qual um suposto extremista planeja se declarar culpado de crimes de guerra pela destruição de mausoléus classificados como Patrimônio Mundial da Humanidade na cidade malinesa de Timbuctu.
O que são?
Trata-se de tumbas de personalidades veneradas, chamadas "santos" em Timbuctu, uma cidade lendária inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1988 na lista de patrimônio mundial da humanidade. Em 2012 passou a integrar a lista de patrimônio em perigo.
Quando essas personalidades "consideradas virtuosas" morriam, "suas tumbas ficavam expostas à profanação" porque alguns indivíduos atribuíam poderes aos restos mortais, explica El-Boukhari Ben Essayouti, chefe da missão cultural de Tombuctu que liderou o projeto de reconstrução.
Segundo ele, para proteger estas sepulturas, foram construídos mausoléus - geralmente com argila - em Timbuctu. A cidade, fundada no século V, viveu "seu apogeu econômico e cultural nos séculos XV e XVI", segundo a Unesco, e foi um grande centro intelectual do Islã.
Algumas tumbas se encontram na cidade ou em cemitérios, outras em mesquitas. Tombuctu conta com três históricas: Djingareyber, Sankoré e Sidi Yahia.
Atualmente, há no total 22 mausoléus intactos em Timbuctu, dos quais 16 estão inscritos na lista de patrimônio da Unesco.
De quando datam?
Os mais antigos se remontam ao século XVI, segundo os especialistas.
Quem os construiu?
Inicialmente eram construídos de forma anônima e coletiva, ainda que costumassem ser obra "de familiares ou discípulos" do santo. "Com o passar do tempo, foram feitas obras de remodelação" que ficaram a cargo de parentes, moradores ou mecenas, segundo Ben Essayouti.
Por que são tão importantes?
Timbuctu é a "cidade dos 333 santos". E existem para todos os gostos. As pessoas vão até eles para pedir "pelos casamentos, para implorar a chuva, ou contra a fome".
Junto com as mesquitas históricas da cidade, estes mausoléus são um testemunho do "passado prestigioso de Timbuctu", segundo a Unesco, que recorda que são "lugares de peregrinação em Mali e de países limítrofes da África Ocidental".
Por que o destruíram?
Vários grupos extremistas afiliados a Al-Qaeda, como Ansar Dine, destruíram 14 destes mausoléus em nome da luta contra "a idolatria" em 2012.
Estes grupos impuseram sua lei no norte de Mali entre março e abril de 2012, até que em janeiro de 2013 uma intervenção militar internacional impulsionada pela França os expulsou do lugar. Atualmente a operação continua, e várias áreas permanecem fora do controle das forças do país e estrangeiras.
Como foram reconstruídos?
Sua reconstrução começou em março de 2014, como parte de um programa da Unesco financiado por vários países e instituições. Ela foi realizada por um grupo de pedreiros locais, sob a supervisão do imã da grande mesquita de Djingareyber e a partir dos restos de muros, fotografias e das recordações dos idosos do lugar.
As obras terminaram em julho de 2015, segundo a Unesco. Em 4 de fevereiro deste ano foi celebrada uma cerimônia de "sacralização" dos cenotáfios.

AFP

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