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Mulheres buscam ajuda para lançar app contra violência doméstica

Startup ''Mete a colher'' tem o objetivo de criar uma rede de ajuda mútua entre as mulheres de todo o Brasil. O projeto busca verba para finalização através do site Benfeitoria até dia 16 de setembro

Há quatro meses, seis mulheres participaram da Startup Weekend Women, em Recife, com a missão de criar de um serviço de inovação em 54 horas. A partir dos dados alarmantes sobre a violência doméstica no País, nasceu a ideia para um aplicativo que unisse as mulheres que estão em relacionamentos abusivos e àquelas que querem ajudá-las. Agora, o "Mete a Colher" tem 21 dias para sair do papel, com uma campanha de financiamento coletivo que vai até 16 de setembro.

Juntas, Emily Blyza, idealizadora do projeto, Aline Silveira, designer, Lhaís Rodrigues, desenvolvedora, Renata Albertim, jornalista, Thaísa Queiroz, publicitária, e a designer Carol Cani, criaram um grupo no Facebook de apoio mútuo às mulheres em situação de violência doméstica. "Desde o primeiro fim de semana em que nossa página entrou no ar, recebemos pedidos de ajuda e relatos de abuso por inbox. Na grande maioria das vezes, as mulheres precisavam apenas desabafar e ter alguém que as escutasse sem julgamentos e mostrasse apoio, um ombro amigo", contou Aline, em entrevista por e-mail ao O POVO Online

Segundo a designer, em alguns casos, foi preciso colocar as mulheres que pediam ajuda em contato com advogados e psicólogos, ou mesmo indicar centros de apoio. ''Essas experiências deixaram claro qual era a real necessidade a ser suprida pelo app: colocar as mulheres em contato umas com as outras, criando um ambiente seguro onde elas podem compartilhar suas histórias e se apoiar mutuamente, materializando o conceito de sonoridade que é tão importante para nós". 


Os relatos foram enviados por mulheres de todo o País, com distintas situações socioeconômicas, idades e orientações sexuais. No último dia 2 de agosto, foi lançada a campanha de crowdfunding pela Benfeitoria, mas apenas 20% da meta foi cumprida. "Precisamos de todo apoio possível para atingir a meta, uma vez que a campanha é tudo ou nada: caso o valor total não seja atingido até o prazo final, todo o dinheiro arrecadado é devolvido aos apoiadores", frisa Aline.


Violência doméstica 
Uma a cada cinco mulheres é vítima de violência doméstica no Brasil, de acordo com a pesquisa Data Senado, de agosto de 2015. O dado que mais chocou, conforme Aline, foi o resultado de outra pesquisa de 2015 (Ipea), que apontou que a cada 1h30min uma mulher morre no País vítima de violência doméstica. 

As criadoras do app perceberam que todas as mulheres que enviaram relatos tinham em comum o sentimento de isolamento, e por isso o ''Mete A Colher'' deve seguir a lógica de aplicativos de conversa como WhatsApp e Facebook Messenger.

As usuárias poderão fazer o cadastro por meio do Facebook, e também poderão criar um código PIN para acessar o app. As mensagens criptografadas serão apagadas depois de um tempo para certificar a privacidade e a segurança das mulheres. 

Os pedidos de ajuda devem ser especificados em tags, e as usuárias poderão ainda marcar categorias para oferecer ajuda: apoio psicológico,ajuda jurídica, abrigo temporário ou inserção no mercado de trabalho.

Feministas, com orgulho 
As criadoras do ''Mete a Colher'' tentam usar a tecnologia e o feminismo para empoderar as mulheres, combatendo a violência doméstica. ''Nos consideramos feministas sim, com muito orgulho! Estamos vivendo hoje uma verdadeira primavera feminista, em que mulheres estão mais conscientes dos seus direitos e estão se empoderando mutuamente. Fazer parte ativamente deste processo é o que nos motiva a continuar o trabalho”, completa Aline.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Criadoras do "Mete A Colher"
 O Povo


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