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Vaias e Aplausos. Livro reúne registros dos festivais de música no CE

Livro traz registros das quatro edições do Festival de Música Popular Cearense, que reuniu nomes como Luiz Assunção e Fagner na década de 1960

Livro reúne registros dos festivais de música no CearáPrincipalmente a partir dos anos 1960, uma das marcas mais fortes da cultura brasileira foram os festivais de música. Cenário para manifestações artísticas e políticas, eles invadiram palcos e telas de TV revelando nacionalmente nomes como Elis Regina, Nana Caymmi e Caetano Veloso. Atraindo olhares por todo o País, os festivais provocaram paixões que levavam o público à vaias ensandecidas quando seus preferidos não eram indicados. Até Tom Jobim e Chico Buarque provaram o amargo som da desaprovação.
De alguma forma, o Ceará provou desse sabor. Por aqui, intérpretes e compositores mostraram suas canções em diversos festivais, competitivos ou não. Parte dessas histórias foi resgatada pela jornalista Priscila Lima, autora de Canto do Ceará – Os Festivais de Música do Ceará na Década de 1960. Baseado numa pesquisa sobre os jornais Gazeta de Notícias, Tribuna do Ceará, Correio do Ceará, Nordeste, Unitário e O POVO, o livro será lançado amanhã, 11, às 19h30min, na livraria Saraiva, no Iguatemi.
Canto do Ceará é um desdobramento do trabalho de conclusão do curso de Jornalismo da autora. Na monografia, Priscilla analisou a cobertura do O POVO sobre o 4º Festival de Música Popular Cearense, realizado em 1968 no Theatro José de Alencar. Em 2012, ela se inscreveu no V Edital Mecenas e ampliou a pesquisa para as quatro edições do evento anual que começou em 1965.
O livro de 182 páginas se divide em duas partes. Na primeira, é analisado o âmbito nacional, onde festivais mobilizavam multidões que acompanhavam seus ídolos das arquibancadas dos grandes estádios ou pela tela da TV. Já a segunda parte se debruça sobre os festivais no Ceará, seus personagens e polêmicas.
Os dois primeiros festivais de Música Popular Cearense, realizados na Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1965 e 1966, foram promovidos pelo Conservatório de Música Alberto Nepomuceno e não tinham caráter competitivo. Os de 1967 e 1968 foram realizados, respectivamente, na Faculdade de Direito da UFC e no Theatro José de Alencar, com promoção da Sociedade Musical Henrique Jorge, que daria origem à Escola de Música Luiz Assunção. A terceira edição do evento foi vencida pela composição Enxada não Bateu, de Gilberto Antônio de Oliveira, interpretada pelo Coral do Conservatório. No ano seguinte, o prêmio ficou com Nada Sou, do iniciante Fagner em parceria com Marcus Francisco.

Na análise de Priscila, o elemento político não foi muito explorado nos festivais cearenses. “Tinha o elemento de resistência, mas quem promovia não tinha muito o vínculo do movimento estudantil. Nas letras de música também não havia muito o elemento político”, comenta a autora. Já a paixão do público seguia o mesmo modelo das edições nacionais. “Os dois últimos festivais tem essa participação forte do público, inclusive na vaia”, aponta. Tanto foi, que a edição do O POVO de 1º de dezembro de 1967 dedicou uma matéria ao assunto. “Como só acontece em festivais desse gênero, (...) o público não gostou e até vaiou a decisão da Comissão Julgadora”, diz o texto.
Já no fim do livro, Priscila relembra outros eventos que foram importantes para a música cearense naquele período. Teve o I Festa da Juventude, promovido pelo grupo Gruta; o Festival Aqui no Canto, que rendeu um LP; além do surgimento da geração conhecida como Pessoal do Ceará e das primeiras TVs locais. No entanto, essa parte fica para um outro livro.

PERSONAGENS
Luiz Assunção
Nascido no Maranhão, Luiz Gonzaga Assunção participou das quatro edições do Festival de Música Popular Cearense como compositor. Em 1965, ele foi homenageado no encerramento, interpretando suas canções ao lado de Guilherme Neto.

Dalva Estela e Orlando Leite
Diretores do Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, eles estavam à frente das primeiras edições do Festival de Música Popular do Ceará. A ideia era “mostrar o espírito criador do compositor popular cearense”.

Raimundo Fagner
Antes de se falar em Pessoal do Ceará, Raimundo Fagner venceu o IV Festival de Música Popular do Ceará com Nada Sou, sua parceria com Marcus Francisco. No mesmo ano, Belchior teve sua composição Espacial desclassificada. 

Jorge Mello
Natural de Piripiri, no Piauí, Jorge Mello veio para Fortaleza em 1967 e chegou a participar de duas edições do Festival. Dono de um acervo de gravações e documentos sobre os festivais cearenses, ele cedeu parte dessa memória para a pesquisa de Priscila Lima.

SERVIÇO
Lançamento do livro Canto do Ceará
Quando: amanhã, 11, às 19h30min
Onde: Saraiva - Iguatemi (Av. Washington Soares, 85 - Edson Queiroz). 
Entrada franca.
Preço do livro: R$ 35

O Povo

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