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Pessoas com deficiência discutem acessibilidade em estádios e ginásio

Na Capital, as reformas nos equipamentos esportivos tentam acompanhar as legislações sobre acessibilidade

O Rio de Janeiro prepara o encerramento das Paralimpíadas 2016 neste domingo, 18, após quase duas semanas em que o mundo acompanhou as conquistas dos paratletas. Para além da competição, a rotina das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é de desafios para circular pelas cidades. Em Fortaleza, a simples decisão de comparecer a um evento esportivo passa pelas condições de acessibilidade nos equipamentos. 
Onde ficam as paradas de ônibus e o estacionamento? Como são as calçadas e a pavimentação? Como é o caminho até os assentos ou vagas exclusivas? A resposta a cada uma dessas perguntas pode estimular ou não a presença da pessoa com deficiência nos ginásios e arenas.
Com credenciamento de imprensa, o jornalista Victor Vasconcelos, do site Sem Barreiras, consegue estacionar dentro do estádio Presidente Vargas. Tem um menor trajeto a fazer, mas o piso de pedra portuguesa causa trepidações e requer cuidado. Victor nasceu com osteogênese imperfeita, também conhecida como “ossos de cristal”. Até a puberdade, ele teve cerca de cem fraturas nos ossos. Por isso, todo movimento brusco representa um risco.

As vagas de estacionamento na Arena Castelão são elogiadas por Daniel Cordeiro, presidente da Associação dos Deficientes Motores do Ceará (ADM-CE). No entanto, ele relata que os elevadores nem sempre estão ligados. Daniel frequenta jogos de basquete em cadeira de rodas e de futebol. Ele observa que os locais para estacionar são muito distantes no estádio Presidente Vargas e no Ginásio Paulo Sarasate.
 
Ritmo de adaptação
As normas e legislações para acessibilidade mudam em ritmo mais acelerado em relação às reformas dos equipamentos públicos, avalia Márcio Lopes, secretário municipal de Esporte e Lazer. Atualmente, tanto o PV como o Paulo Sarasate têm projetos e estudos de melhoria na acessibilidade (ver mais no quadro). “Nunca estamos 100%, mas atendemos bem e estamos sempre em diálogo com as entidades, passando por cobranças e fiscalização”, diz.

“Há tempos eu não vinha a esses locais. Agora vi que é possível e vou voltar a frequentar”, comentou o advogado Emerson Damasceno, que visitou PV, Castelão e Ginásio Paulo Sarasate a convite do O POVO. Em 2014, ele sofreu um atropelamento e ficou paraplégico. Havia entrado com cadeira de rodas apenas no Castelão, durante a Copa do Mundo. Agora, é membro do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ceará (Cedef).

Para ele, além de rampas, elevadores e espaços para cadeirantes, a acessibilidade prevê uma experiência plena para outros tipos de deficiência. Assim, ele sugere que os equipamentos adotem recursos de narração com audiodescrição para cegos e intérpretes de língua de sinais nos telões para deficientes auditivos. No Castelão, a audiodescrição já foi experimentada pontualmente para realização de pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em novembro de 2014.

O POVO solicitou visitas ao Centro de Formação Olímpica (CFO) e a uma das Vilas Olímpicas em construção em Fortaleza para verificar as condições de acessibilidade nas obras. Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria do Esporte (Sesporte), do Governo do Estado, não havia agendado o acompanhamento da equipe aos locais. O primeiro contato foi feito com uma semana de antecedência.
O POVO online

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