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Apenas uma escola no CE está entre as 100 melhores públicas no Enem

Colégio Militar de Fortaleza aparece na 21ª posição entre as públicas. As três escolas públicas do Ceará mais bem colocadas são militares.

Do G1 CE


Resultado de imagem para enemO Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou nesta terça-feira (4), a lista das escolas com melhor desempenho na edição do ano passado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2015). Na lista, quatro escolas da rede privada de ensino do Ceará aparecem no ranking das 10 com melhor desempenho. Por outro lado, apenas uma escola cearense da rede pública de ensino, está entre as 100 com melhores notas considerando a rede pública: é o Colégio Militar de Fortaleza, que está na 21ª posição.
As três escolas públicas do Ceará mais bem colocadas no ranking nacional são militares. Depois do Colégio Militar de Fortaleza (395º), surgem o Colégio da Polícia Militar do Ceará (2.331º) e o Colégio Militar do Corpo de Bombeiros ( 3.608º). A primeira escola não militar mais bem posicionada na lista é A EEEP Alan Pinho Tabosa, da cidade de Pentecoste, a 92 km da capital..
Neste ano, das 100 escolas com maior nota média no Enem 2015 no país, 97 são privadas. No universo de mil escolas, somente 49 são da rede pública. No ano anterior, eram 93, e em 2013, 78.  Esse cenário considera o cálculo da média aritmética das quatro provas objetivas (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza).
A seleção é fator preocupante. (...) Poderia ter outros critérios que não fossem apenas por desempenho acadêmico, para tentar equilibrar”, diz
Maria Inês Pina, vice-presidente do Inep
A lista apresenta o Colégio Ari de Sá – Sede Mário Mamede, de Fortaleza, com a terceira melhor na média geral entre todas as escolas listadas. A unidade que é terceira colocada tinha cerca de 60 alunos matriculados no último ano do ensino médio em 2015. A sede da Major Facundo, da mesma rede está em em 4ª posição. Outra unidade da rede que figura na lista, o Ari de Sá sede Duque de Caxias, no Centro de Fortaleza, tem mais de 90 alunos matriculados, obteve a 311ª média.
Para Francisco Soares, presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), e ex-presidente do Inep, a lista do "Enem simplesmente consagra as escolas que fazem seleção de seus alunos".
"Entre as melhores classificadas, um primeiro fato a considerar é que as privadas selecionam primeiro seus alunos pela renda e também pelo desempenho em provas. Esta seleção é frequentemente feita ao longo dos anos, convidando os estudantes mais fracos a saírem. As escolas públicas que estão nas melhores colocações são também aquelas que admitem seus alunos através de difíceis vestibulares", afirmou Francisco Soares.
O Ministério da Educação (MEC) condenou colégios que organizam sistemas de seleção para receber apenas os alunos com melhor desempenho acadêmico.  “As melhores escolas públicas têm nível socioeconômico bastante alto. Como a professora Maria Helena [secretária-executiva do MEC] comentou muito bem, elas têm 'vestibulinho' para alunos frequentarem o ensino médio”, diz Maria Inês Fini, presidente do Inep. Ela atribui a este mecanismo de seleção o desempenho melhor das federais em relação aos colégios municipais e estaduais.
Para o Inep, novamente os resultados das escolas públicas apontam a necessidade de reforma do ensino médio. “Temos contingente enorme de alunos que estão aprendendo muito pouco, currículo organizado de maneira tradicionalista e conservadora. Os resultados apontam para a necessidade da reforma do ensino médio”, afirma Maria Inês.
Quanto às escolas particulares, também existe a prática de escolher apenas os alunos com melhores notas. “Devemos combater isso na iniciativa privada”, afirma a presidente do instituto. Ela relata, no entanto, que o MEC não tem nenhum plano para coibir colégios particulares de separarem alunos de acordo com o desempenho acadêmico.
'Não é ranking’
Durante a apresentação dos dados, Maria Inês Pina e Maria Helena Castro, secretária-executiva do MEC, reforçaram que as notas do Enem não devem ser usadas para formular rankings gerais.

“Os resultados têm contextos que precisam ser considerados”, diz Maria Inês. Ela afirma que a condição socioeconômica dos alunos, a formação docente, o porte da escola e o índice de permanência do aluno na instituição durante os três anos do ensino médio são dados que não podem ser desprezados.

“Qualquer comparação entre escolas com contextos diferentes (...) é extremamente indevida”, afirma Maria Inês. “Ranking é inapropriado para indicar aos pais a qualidade da escola.”

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