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Com Andréia Horta no papel principal, cinebiografia de Elis Regina estreia hoje

Uma lista divulgada em 2015 pelo Ecad apontava que a música mais tocada de Elis Regina em rádios e festas é Como Nossos Pais. A informação guarda um simbolismo curioso: sendo a intérprete gaúcha e o compositor cearense (Belchior), esse dado fala de como essa mulher cruzava o Brasil inteiro com a missão de fazer música. Uma missão que arrancava suor e lágrimas da cantora, e muitos aplausos da plateia.

Algo da força da cantora vai ser revivido a partir de hoje. Com direção de Hugo Prata, chega aos cinemas Elis, cinebiografia que narra o nascimento de uma das vozes mais marcantes da história da música. Com Andréia Horta no papel principal, a produção foca nos anos que sucederam a chegada de Elis ao Rio de Janeiro – no dia que estourou o Golpe de 1964 – até 19 de janeiro de 1982, data em que ela morre, vitimada por um coquetel fatal de drogas.


Estreando como diretor de longa-metragem, Hugo Prata conta a “dor e delícia” de levar para as telas a história de uma artista que foi arrancada da vida dos brasileiros com apenas 36 anos. “Eu quis mostrar os dois lados de Elis. A artista e a mulher no meio dos seus conflitos. Poucas pessoas têm ideia dos conflitos que ela carregou”, explica Hugo, ao O POVO.


Entre esses conflitos, estão construir uma carreira em meio aos Anos de Chumbo.

Tem ainda a menina que, antes da maioridade, já tinha a maior renda da família. A artista que tornou-se alvo de uma patrulha feroz, mas que respondia com uma competitividade aguerrida. Tendo a garganta como arma, Elis enfrentou as críticas da direita, da esquerda, dos pró-Bossa Nova, dos pró-Jovem Guarda, o machismo e muitas outras forças dominantes daquela terra em transe.

Para amarrar essas histórias, Hugo contou com toda a liberdade criativa que a família de Elis poderia conceder. “Não exigiram nada, não quiseram participar das filmagens”, resume sobre o trabalho que lhe tomou 4 anos e meio. Nem o ponto mais conflitante da vida de Elis, a morte por overdose, foi posta em discussão.


“Em termos de dramaturgia, seria mais fácil se ela tivesse feito isso a vida toda.

Como ela só se envolveu com drogas no fim da vida, deu trabalho envolver esse assunto. A gente não queria fugir da raia e não podia ser leviano. Tão intensa que era ela, quando se envolveu com drogas, se deu mal”.

A perda de Elis abriu uma ferida nunca sarada na alma nacional. Jovem, intensa e dona de um sucesso estrondoso, ela mantinha a carreira no auge quando foi encontrada morta no quarto de seu apartamento em São Paulo. Ainda assim, sua música ainda desperta paixões. A atuação de Andréia Horta divide opiniões de quem já viu o filme. Ambos jornalistas do G1, Mauro Ferreira definiu a atuação como “perfeita” enquanto Carol Prado diz que a atriz “cai de cabeça na imitação”.


Hugo diz que encara com naturalidade as críticas e que queria mostrar mais com o filme. “Além de mostrar a força da personagem, a gente quis mostrar que a vida de um artista como ela não é só flores”.   

PERSONAGENS

César Camargo Mariano (Caco Ciocler)
Ex-marido de Elis, o pianianista dividiu com ela trabalhos marcantes como Elis & Tom . Para o papel, Caco teve que aprender a tocar cinco músicas no piano.


Mieli (Lúcio Mauro Filho)
Ao lado de Bôscoli, Mieli foi um marcante produtor de shows. Uma mostra é Elis No Teatro da Praia, lançado em disco. Mieli e Lúcio chegaram a trabalhar juntos na peça O Mágico de Oz.


Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado)
Sedutor, mulherengo, refinado e cafajeste, Bôscoli casou com Elis ainda em início de carreira. Uma das fontes para construir o personagem foi a biografia Maysa (de Lira Neto).


Lennie Dale (Julio Andrade)
Depois de interpretar Gonzaguinha e Paulo Coelho, Julio volta a viver um ícone da música encenando o coreógrafo que ensinou Elis a se movimentar no palco.  

MAIS ELIS

Nada Será Como Antes
Escrito pelo jornalista Julio Maria, a biografia traz depoimentos e histórias inéditas.


Trilha Sonora
Além dos sucessos de Elis, a trilha do filme traz as vozes de Nara Leão e Cartola.


No Fino da Bossa
Gravações raras do programa e Elis e Jair Rodrigues. Música e bom humor da melhor qualidade. 

O Povo

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