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"Deixar pra depois" é vício que bota a saúde em risco


Estudar ou sair com os amigos? Uma pergunta que muita gente se faz e acaba optando pela diversão em lugar das obrigações diárias. Uma atitude relativamente comum em momentos de cansaço pode se tornar verdadeiro problema quando se torna vício.
Procrastinar não está relacionado somente a "empurrar com a barriga" algo importante, mas pode desencadear sentimentos negativos como culpa, medo, insatisfação e preocupações, aumentando excessivamente o nível de estresse do organismo, já que se perde muito tempo pensando naquilo que se está buscando evitar.
Barganha cerebral
"Os sentimentos desencadeados por esses comportamentos afetam completamente o biopsicossocial, ou seja, todas as áreas da vida, inclusive o físico, caso o estresse seja muito elevado", alerta a psicóloga Zora Viana, diretora de comunicação da Federação Brasileira de Psicodrama (Febrap). Quando se faz o que gosta, a tarefa não tem status de obrigação, mas de prazer. É com essa busca que o cérebro elenca atividades que considera mais ou menos importantes.
Segundo Zora Viana, ao se deparar com algo complexo ou que não desperta interesse, surge a falta de motivação e, com isso, são ativadas áreas cerebrais ligadas à dor e ao medo, gerando desconforto.
É justamente quando surge a procrastinação, quando o cérebro busca uma maneira de parar o estímulo negativo por meio de outras ações. Para o prof. João Ilo Barbosa, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, há intensa relação de custo x benefício, na qual se almeja maior ganho e menor esforço.
Recompensa
"O cérebro funciona por um sistema de recompensa (sistema dopaminérgico). Ele tem participação fundamental na busca de estímulos causadores de prazer tais como alimentos, sexo, relaxamento ou até mesmo atingir um objetivo almejado", explica Zora Viana.
Conforme a diretora executiva do Grupo Atitude Emocional, esse esforço positivo da recompensa, que se dá com essas experiências, faz com que o organismo busque essa sensação repetidas vezes. A partir disso, tende-se a criar um "vício" de continuar a procrastinar diante de situações mais complexas.
Predisposição genética?
Segundo um estudo realizado pelo Departamento de Psicologia e Neurociência da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, uma predisposição genética, além dos fatores como ambiente e influência cultural, pode contribuir para o hábito em procrastinar. Não é um fatalismo, mas uma predisposição, pontua.
A análise foi realizada por meio de comparações genéticas e ambientais entre irmãos gêmeos. Zora Viana explica que o indivíduo não está condenado a ser um procrastinador pela vida afora, uma vez que são seus hábitos que irão favorecer isso também.
Para a psicóloga, apesar dessa predisposição genética, a determinação em mudar de atitude já é capaz de contribuir para reverter positivamente esse comportamento.
Dessa maneira, a melhor forma de evitar adiar compromissos importantes é proibir-se de protelar. Isso é vital devido à uma capacidade cerebral chamada neuroplasticidade, que permite o desenvolvimento e mudanças de conexões cerebrais. Tal condição proporciona mudanças de comportamentos, a possibilidade de aumentar resultados, entre outras adaptações, o que é feito nos processos de desenvolvimento, por exemplo.
Diário do Nordeste

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