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Exposição de telas e fotografias sobre o Rio de Janeiro ocupa o Espaço Cultural dos Correios

Image-1-Artigo-2177856-1Pessoas caminhando em calçadões à beira-mar, amigos jogando vôlei-de-praia, longas faixas de areia repletas de guarda-sóis e um mar azul no horizonte. É quase automático associar o Rio de Janeiro às paisagens das praias de Ipanema, Copacabana e Barra da Tijuca. Contudo, a cidade maravilhosa também é banhada por outros mares: os afloramentos rochosos que se estendem por todo lugar.
Pensando em retratar a beleza das formações rochosas do Rio de Janeiro, o cearense Francisco Ivo pintou uma série de quadros que retratam cenários mundialmente famosos como o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Pedra da Gávea e o Morro Dois Irmãos.
O conjunto de obras inspiradas nas imensas esculturas naturais cariocas deu origem à exposição "Rio dos Mares de Morros", que estará aberta à visitação na sede dos Correios, no Centro, a partir de amanhã (23) até 3 de março de 2017.
O artista buscou, através de pinceladas de cores fortes e vívidas, ressaltar as propriedades geométricas e as radiações luminosas dos minerais, resultando em rochas que parecem pulsar e ditar o ritmo carioca.
A estética alcançada por Ivo nas pinturas foi possível graças à sua formação como geólogo, quando teve contato com o mundo da cristalografia, ciência que estuda as leis que regem a formação dos minerais. Os quadros são a união perfeita do fascínio que o artista possui pelo estudo da terra, pelas artes e pelo Rio de Janeiro, onde morou por 29 anos.
Formação
"Na minha casa sempre teve algumas pinturas e acho que isso foi me despertando para as artes, então desde jovem eu sempre gostei", explica Ivo, cujas primeiras pinturas foram produzidas nos anos 1980, antes mesmo de completar a graduação em Geologia.
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Duas das pinturas integrantes da exposição "Rio dos Mares de Morros": geólogo por formação, o cearense Francisco Ivo levou para as telas sua paixão pelas formações rochosas do Rio de Janeiro, onde morou por 29 anos
O rapaz estudou desenho arquitetônico e teve como inspiração a arte Naïf, estilo livre de convenções, sem a obrigação de utilizar técnicas elaboradas ou combinações cromáticas convencionais.
Entretanto, foi em 1987, aos 30 anos, que o cearense, então geólogo formado, deixou Fortaleza e mudou-se para Niterói, onde concluiu a pós-graduação e passou a cursar aulas de pintura na Sociedade Brasileira de Belas Artes (SBBA), no Rio de Janeiro.
Além das 22 telas, os visitantes também poderão conferir fotografias que celebram o cotidiano na capital fluminense e na cidade de Niterói, explorando o povo, a cultura, as manifestações políticas e artísticas, dentre outros aspectos.
A exposição
Ao transitar pelo Espaço Cultural dos Correios nesse período, também será possível uma breve imersão na infância e juventude do artista, através da seção "Lembranças", onde estarão expostas pinturas que resgatam memórias vividas em Mombaça, no sertão do Ceará, e em Fortaleza.
Dentre elas, está uma apresentação do cantor Fagner, no Ginásio Paulo Sarasate, por volta de 1987. "É uma tela assinada por ele próprio. Fiz como uma espécie de dedicatória ao artista e, quando terminei, deixei um espaço para Fagner assinar um dia. Esse encontro só aconteceu em 2007, quando ele foi fazer um show no Canecão, no Rio de Janeiro. Liguei pra assessoria e foi tudo bem. Ele escreveu 'Ivo, um abraço, Fagner'".
O próprio prédio dos Correios também é motivo de nostalgia para o artista. O pai do geólogo trabalhou como chefe da Seção de Transmissão da empresa e costumava levar o filho para o trabalho, que logo se tornou um abrigo para suas brincadeiras. Agora, o lugar torna-se abrigo para as pinturas de Ivo, hoje com 59 anos.
O público poderá apreciar ainda obras como "Terminós - Mundus Novus", referência à tribo indígena que testemunhou a descoberta da Baía de Guanabara, e "Jangadeiros, 28", inspirada na saga de quatro pescadores cearenses que, em 1941, a bordo de uma jangada, partiram rumo à antiga Capital da República para cobrar justiça social e melhores condições de vida para os pescadores, resultando em uma procissão com dezenas de embarcações.
Afeto
A exposição também traz dados sobre os morros que emolduram o espaço urbano com o qual Ivo convive há quase três décadas. Segundo o artista, as formações rochosas hoje encravadas no cenário da cidade tiveram origem no período pré-cambriano, há mais de 1,7 bilhão de anos.
As protagonistas das pinturas da exposição foram originadas a partir de depósitos de areia em antigas praias: o gradativo soterramento natural desses ambientes e o aumento de temperatura e pressão resultaram em novas e grandiosas rochas.
A visitação é gratuita, e promete trazer ao público o encanto da cidade que conquistou o coração de Ivo: "Moro no Rio desde 87 e tenho muito apreço por ele. É a cidade que me acolheu, onde comecei meu primeiro trabalho", lembra.
"Moro em Niterói, mas dizem que a vista mais bonita do Rio é daqui. E, para um geólogo, aqueles monumentos rochosos enchem os olhos", diz, justificando a paixão.
Mais informações:
Exposição "Rio dos Mares de Morros". De hoje (23) até 3 de março de 2017, no Espaço Cultural Correios (R. Senador Alencar, 38, Centro). Visitação: de segunda a sexta, das 8h às 17h. Entrada gratuita. Contato: (85) 3255.7262
Diário do Nordeste

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