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Pedro Henrique Saraiva Leão lança seu nono livro, "Plíndola", marcado pelo espírito vanguardista

Reprodução de uma das páginas de "Plíndola", do médico e poeta Pedro Henrique Saraiva Leão
Aos 79 anos, Pedro Henrique Saraiva Leão publica uma nova obra poética. É a nona, de uma produção poética que se inicia em meados dos anos 1950 e tem como livro de estreia "12 poemas em inglês" (1960). O poeta deu ao novo livro o título de "Plíndola".
A palavra, como exclamação, foi tirada de uma montagem teatral do "Macunaíma", de Mario de Andrade. Nem Saraiva Leão, nem alguns dos primeiros leitores do livro encontraram o significado para a o vocábulo. Passou, portanto, a significar a coleção de "coesias" (uma alternativa para batizar os poemas, sem entrar no embate da crítica mais tradicionalista, a indagar - "o que é poesia?" - e a apontar cheia de autoridade - "isso é e aquilo não é um poema!").
Raízes
Escolher uma palavra estranha como "Plíndola" para nomear seu livro - que o poeta diz ser o último que publica - pode parecer estranho, mas só àqueles que se esquecem da linhagem literária de Pedro Henrique Saraiva Leão. Nos tempos de estudante, quando ainda estava distante as carreiras de médico e professor de medicina, ele foi um dos primeiros entusiastas da Poesia Concreta no Ceará. Saraiva Leão até já publicava em periódicos, tendo apresentado poemas em inglês no jornal "O Unitário", mas se identificou com o projeto concreto quando José Alcides Pinto (1923- 2008) trouxe notícias desta vanguarda, direto do Rio de Janeiro.
Alcides Pinto vivia na então capital federal, onde entrou em contato com o grupo de Poesia Concreta, que reunia poetas e artistas do Rio e de São Paulo. Ferreira Gullar era o principal representante carioca; em Sampa, era o trio Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Augusto de Campos (mais tarde, Ronaldo Azeredo e José Lino Grünewald). Como grupo, os paulistas se nomearam "Noigandres" - a palavra havia sido pescada por uma de suas influências, o norte-americano Ezra Pound, de um poeta provençal. Seu significado ainda hoje permanece um mistério. Como o mistério de "Plíndola".
Como os irmãos Campos, Pedro Henrique Saraiva Leão nunca se distanciou totalmente das linhas mestras do fazer poético concreto. Não é certo dizer que sua experiência concretista se estende até hoje, mas seus poema mais recentes estão definitivamente inscritos naquela tradição, que lançou suas raízes nas vanguardas históricas do século XX (o modernismo brasileiro e o Europeu, em prosa e verso).
Já os galhos se emaranham em outros, seus contemporâneos. São mais exatamente arte ("coesias") do que poesia (seja lá o que ainda possa ser nomeado assim). É um fazer poético carregado de imagens, que amplificam os significados. Pedro Henrique Saraiva Leão escolhe as palavras com precisão, mas joga com o caos do significados e das possibilidades de sentido dos signos em sua "escrita". A definição de escrita, como verá o leitor de "Plíndola", não é precisa quanto se trata de sua obra, mas é ainda necessária.
Fortuna
Poemas, coesias, fotografias conceituais e fortuna crítica compõem o livro, publicado pela Expressão Gráfica, em projeto editorial premiado. Em Fortaleza, a obra está disponível para venda na Livraria Livro Técnico (Rua Dom Joaquim, 54, Centro)
Livro.
Plíndola: coisias
Pedro Henrique Saraiva Leão
Expressão Gráfica
2017, 216 páginas
R$ 80
livro
Diário do Nordeste

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