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Toquinho, João Bosco e Joyce interpretam Tom Jobim

Por Larissa Troian
Repórter Dom Total

É em homenagem ao grande maestro, compositor, pianista, cantor, arranjador e violonista Tom Jobim, que Toquinho, João Bosco e Joyce se encontram nesta noite de sexta-feira (24), no Palácio das Artes. No repertório, clássicos do artista considerado um dos criadores da bossa nova como “Águas de Março”, “Desafinado”, “Ela é Carioca”, “Água de Beber”, “O morro não tem vez” e “Garota de Ipanema”.

Em entrevista exclusiva ao Dom Total, Toquinho revelou que a primeira composição que aprendeu era de autoria de Tom: “Antes de começar a estudar violão eu já estava envolvido com a Bossa Nova. Ouvia Dick Farney, Lúcio Alves, Maysa, Agostinho dos Santos e me impressionava o estilo de interpretação e as canções de seus repertórios. A música de Tom já prevalecia em todos eles e tornava-se cada vez mais presente em minhas preferências musicais, principalmente com ‘Esse seu olhar’”.

Parceiros de longas datas, Toquinho se apresentou em 1977 ao lado de Tom, Vinícius e Miúcha em uma temporada de shows. Indagado sobre como era trabalhar com esses grandes nomes, revelou: “Minha parceria com Vinicius já durava sete anos. Nesse show eu tive o privilégio de participar, com Miúcha, de um reencontro derradeiro: Tom e Vinicius outra vez num palco, após 15 anos do antológico ‘Encontro no Bon Gourmet’, ao lado de João Gilberto e Os Cariocas, em 1962. Tom, Vinicius, Miúcha e eu conseguimos transformar o enorme palco do Canecão numa aconchegante sala de visitas durante quase oito meses de apresentações que alcançaram limites de público e permanência jamais igualados até hoje naquela casa de espetáculos. O show foi feito em tempo recorde, em duas semanas. Ficamos praticamente morando no Canecão, nós quatro e o Aloysio de Oliveira, que dirigiu. Tudo foi uma festa, desde o primeiro ensaio até o último dia. O Canecão lotado o tempo inteiro, o contrato inicial era para dois meses, acabamos ficando sete. A alegria começava nos camarins com amigos e convidados. Bebia-se uma média de duas garrafas de uísque por noite. Depois do show, era jantar aqui e ali, todas as noites. Além disso, houve momentos de canjas antológicas. À noite em que, sem que ninguém soubesse, Roberto Carlos entrou cantando ‘Lygia’, desde a coxia, e foi cantá-la com o Tom. Foi muito bonito. Outra noite, Oscar Peterson subiu ao palco, improvisou, tocou ‘Wave’ no piano. Foram duas aparições marcantes durante a temporada”.

De todas as belíssimas letras e melodias de Tom Jobim, Toquinho citou suas duas preferidas ao reviver no palco:  “’Eu Sei que Vou te Amar’ está sempre nos repertórios de meus  shows; e ‘Insensatez’, especialmente pela delicadeza de letra e melodia”.

Com shows de homenagens a Tom pelo Brasil afora, o artista explicou como ele, João Bosco e Joyce lidam com as diferenças no palco mesmo que originadas da mesma base, que é a Bossa Nova: Joyce é uma parceira de longas caminhadas, já fizemos muitos shows juntos, no Brasil e na Europa. Grande instrumentista e cantora de voz peculiar, compositora de primeira linha. Temos tudo para fazer um show intimista com a participação do público ouvindo sucessos que gostam de cantar junto. É muito prazeroso trabalhar com João Bosco. Ele tem uma técnica própria de tocar violão. Em suas composições, inventa trechos melódicos e harmônicos de espontânea sofisticação. Seu violão é vibrante, tanto quanto a dinâmica rítmica de suas músicas. E sua voz altera rusticidade e suavidade sem interferir na sonoridade de seu violão, fazendo dele um artista com linguagem inconfundível e plenamente brasileira. João é um compositor e intérprete peculiar, com estilo próprio, diferente do meu. É interessante juntar num palco esses três estilos diferentes originados da mesma base. Isso facilita as coisas".

Admirador de Tom, Toquinho afirmou que a personalidade musical do artista era “única e inconfundível”: “Tom é genial. Único e inconfundível em tudo que fez, desde os primeiros arranjos que marcaram o início de sua carreira, nas parcerias com Vinicius, Nilton Mendonça e Chico Buarque, até nas canções em que se revelava também um exímio letrista”.

Por fim, falou também de sua relação com o público mineiro e a representatividade em reviver as obras de Tom por aqui: “Sou muito próximo da gente mineira, e quando tenho ao meu lado mais um deles, o João Bosco, a performance fica mais autêntica e representativa, reforçada pelo talento de Joyce. Tudo se torna mais intimista, como o público prefere.”

O show tem início previsto para as 21h e os ingressos estão à venda. Confira todas as informações na Agenda Dom Total. Bom show!

Redação Dom Total

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