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Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa

Reunindo escritores, artistas, e professores de países de língua portuguesa, o Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa teve início na tarde desta quinta, 20/4, no Centro de Eventos do Ceará.

Foto: Francisco Flor/Chico Gadelha
Durante a solenidade de abertura do encontro, o secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano dos Santos Piúba, destacou a parceria que vem sendo feita entra a Secult e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). “Assinamos um termo de cooperação entre Secult e Unilab. Esse encontro, assim com outras ações, já é resultado desse termo, assim como o estande da Unilab aqui presente na feira de livros”, ressaltou.
O gestor aproveitou para saudar o público formado por vários estudantes da Unilab e apresentar o tema da Bienal do Livro. “Essa bienal é da diversidade cultural e étnica. Somos compostos de imaginação, saberes e histórias. Nesse sentido, somos bibliotecas vivas, guardiões da memória”, explicou.
Também estiveram presentes na solenidade a pró-reitora de Extensão, Arte e Cultura da Unilab, Rafaella Moreira, e o reitor da Universidade, Anastácio de Queiroz, que ressaltou a importância do evento
“Não há dúvida que esse encontro é muito importante, uma vez que a Unilab é uma Universidade da Lusofonia Afro-brasileira. Temos uma relação muito boa com governo do Estado, com várias parcerias. Espero que esse evento estimule os professores e estudantes a escreverem sobre a região tão rica de Cultura, que é Redenção”, comentou o reitor.

Oralidades e escritas

Após a abertura do Encontro Oralidades & Escritas em Língua Portuguesa deu-se início à mesa “Relatos em Língua Portuguesa: oralidades e escritas “, com os convidados Rosalina Tavares (Cabo Verde), o repentista e poeta Geraldo Amâncio, Tony Tcheka (Guiné-Bissau) ,Carlos Subuhana (Moçambique) e Brígida da Silva (Timor Leste). A atividade teve mediação do professor Manoel Casqueiro (Guiné-Bissau).
Histórias da cultura africana dominaram o debate, para além da língua portuguesa, que se falam nos países representados. O mediador, professor Manoel Casqueiro, lembrou que não só o português era a língua representada ali, mas que haviam muitas outras, como o Crioulo e o Tétum, do Timor Leste.
Foto: Francisco Flor/Chico Gadelha
O escritor Carlos Subuhana aproveitou para falar da importância de se ouvir e respeitar os mais velhos. “Na sociedade africana, quanto mais velho, mais você é respeitado e as pessoas buscam por você. Eu nasci e cresci nessa sociedade, onde a transmissão do saber é dos mais velhos pra os mais novos através da oralidade”, contou.
Já o repentista e poeta Geraldo Amâncio, um dos homenageados da Bienal, cantou, tocou e fez questão de lembrar de poetas populares cearenses. “Rogaciano leite, que é nome de avenida aqui, quase ninguém sabe, mas era repentista. Também este ano devemos lembrar os 150 anos de morte do cantor Cego Aderaldo”, comentou.

África e resistência

A estudante da Unilab Brígida da Silva, do Timor Leste, disse que até hoje não tem um livro publicado, mas tem muitas histórias para contar. Ela foi guerrilheira e lutou contra forças da Indonésia. “Meu pai foi assassinado numa guerra e eu entrei para a OMPT, organização popular de mulheres, para ensinar português e organizar a política”, comentou.
Lutando pela liberdade de seu país, Brígida foi presa. “Em 1981, a força Indonésia descobriu nosso grupo e eu fui presa em uma ilha. Havia muitos timorenses lá. A maioria eram jovens”. Foi nesta situação que a língua portuguesa ganhou importância para seu povo.
Foto: Francisco Flor/Chico Gadelha
“A língua portuguesa é histórica para a gente. Algumas mensagens em português caíram na mão dos.indonésios. Mas eles não sabiam ler o português. Nem se podia falar a língua portuguesa lá. Pediam pros timorenses traduzir, que mentiam sobre o significado, como forma de resistência”, continuou a contar. Desde então, com a independência do Timor Leste, o português ganhou espaço como língua oficial do país, junto ao tétum.
A divisão das línguas também aparece no Cabo Verde, país da professora da Unilab Rosalina Tavares. “Temos duas línguas: o português como oficial e temos o crioulo, que é a língua materna, que acaba sendo de resistência. Ao me dirigir ao colegas na sala de aula, me dirijo em crioulo, mas para o professor, me dirijo em português”, revelou ao público.
Tony Tcheka, de Guiné-Bissau, por sua vez, contou como as histórias salvaram seus momentos durante a guerra em que viveu em seu país. “Quando o terror da morte tomou conta de Bissau, nós amenizávamos contando histórias. Numa noite, após nossa colega contar uma história no meio da guerra, todos dormimos com um sorriso nos lábios. Isso nos salvou por alguns momentos”, finalizou.
Acompanhe a cobertura fotografia completa da XII Bienal Internacional do Livro do Ceará , em nosso flickr. Acesse aqui.
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