Cena do filme Baronesa, que será exibido hoje, às 19h30min, na Mostra de Cinema Documental FOTO DIVULGAÇÃO |
As balizas entre o documental e o ficcional serão exploradas a partir de hoje, no Dragão do Mar, em mostra de cinema que tem o trabalho de Orson Welles como ponto de partida. Seis filmes serão exibidos, até o sábado, 29, em sessões gratuitas. Em comum, todos possuem o trânsito entre a realidade e as narrativas ficcionais.
O cineasta norte-americano veio ao Brasil na década de 1940 para registrar a viagem de quatro jangadeiros cearenses ao Rio de Janeiro. No meio do trajeto e das filmagens, entretanto, um dos homens desapareceu no mar. O acidente levou o documentário a mesclar realidade e ficção. E foi considerando essa mistura que foram escolhidos os três longa-metragens e os três curta-metragens que participam da Mostra de Cinema Documental: Fronteiras e Verdades. A curadoria do evento foi pautada na identidade nacional, no olhar estrangeiro sobre o Brasil e em questões políticas.
Pedro Azevedo, curador do Cinema do Dragão, explica que foram selecionadas produções importantes do documentário brasileiro e mundial, mesclando obras contemporâneas com filmes clássicos.
O filme que abre a mostra, hoje, será Baronesa, da mineira Juliana Antunes. Vencedora do prêmio principal da última Mostra de Cinema de Tiradentes, a produção demorou seis anos para ficar pronta. Moradora de Belo Horizonte, a diretora observava ônibus que partiam para um bairro da periferia da cidade e, nas andanças, encontrou as personagens centrais, Andreia e Leid. Baronesa mostra a imersão real na vida das duas mulheres, mas, como detalhe ficcional, está o desejo de mudança de uma delas, que não suporta conviver com a guerra imposta pelo tráfico. “O filme é pesado, mesmo. Porque não é fácil ser mulher. No Brasil, no mundo e sobretudo na periferia. Estamos falando de uma realidade hostil”, aponta Juliana, em entrevista ao O POVO por telefone.
Os outros dois longas exibidos serão Soy Cuba, que retrata o período de transição entre o regime de Fulgêncio Batista e a Revolução Comunista cubana, e It’s All True, documentário baseado na obra inacabada de Welles.
Já os três curta-metragens escolhidos para a mostra fazem parte da série documental Vidas na Orla, de Alexandre Fleming. As produções versam sobre três locais significativos em Fortaleza. “São filmes que retratam o cotidiano das pessoas”, diz Pedro.
SERVIÇO
Mostra Cinema Documental: Fronteiras e Verdades
Quando: de 26 a 29 de abril
Onde: Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81)
Retirada gratuita de ingressos na bilheteria duas horas antes da sessão. Sujeito à lotação
Outras informações: 3219 5897
PROGRAMAÇÃO
Baronesa
de Juliana Antunes (Minas Gerais) / 75 min / 16 anos
Haverá debate com a diretora após a sessão
Quando: hoje, às 19h30min
Soy Cuba
de Mikhail Kalatov (Rússia) / 143 min / 12 anos
Quando: quinta-feira, 27, às 19h30min
Vidas na Orla
A série é composta pelos curtas-metragens Marco Zero, Dia de Vo(l)tar e Arte Itinerante
de Alexandre Fleming (Ceará) / 75 min / Livre
Quando: sexta-feira, 28, às 19h30min
It’s All True
Documentário baseado na obra inacabada de Orson Welles. Seguido do seminário Edouard Luntz em Fortaleza e Canoa Quebrada: Fragmentos de Operação Tumulto, no qual serão apresentados fragmentos do documentário homônimo que investiga a vinda do cineasta Edouard Luntz ao Ceará para dirigir um filme que jamais seria lançado. O seminário será ministrado pelo professor e diretor Alexandre Fleming.
Quando: sábado, 29, às 19 horas
ISABEL COSTA
O Povo
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