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Selo Scream & Yell lança "Dois Lados", um tributo ao quarteto mineiro Skank

por Felipe Gurgel - Repórter

Na segunda-feira (19), foi lançado o segundo disco da coletânea "Dois Lados: Um Tributo ao Skank", do selo Scream & Yell (screamyell.Com.Br). A banda mineira, um dos grandes expoentes do pop nacional, ganhou uma homenagem coletiva, idealizada e produzida pelo conterrâneo Pedro Ferreira (25). No último dia 12, saiu a primeira parte do projeto, com 15 artistas independentes reinterpretando os 25 anos de carreira dos mineiros. A conta se dá a partir do lançamento do primeiro álbum do Skank, homônimo, de 1992.

Os cearenses do Selvagens à Procura de Lei entram na segunda parte do projeto. Eles fizeram uma versão para a canção "Ali", do álbum "Maquinarama" (2000). Ana Larousse e Leo Fressato (PR), Dani Black (SP), Fernando Anitelli, Gabriel Gonti (MG), Garotas Suecas (SP), Graveola (MG), Ian Ramil (RS), Lulina (PE), Medulla (RJ), Nevilton (PR), Phillip Long (SP), Phill Veras (MA), Sr. Gonzales (DF), Transmissor (MG) e Tuyo (PR) estão com o Selvagens no segundo disco.

Com exceção da versão de "Amores Imperfeitos", da dupla AnaVitória (TO), disponível apenas para download, a pedido da gravadora Universal Music, todas as 31 faixas de "Dois Lados" estão disponíveis para streaming desde segunda (19).

Primeiro disco

A versão de "Esquecimento", do Cobra Coral (MG), é um pop dançante muito delicado, uma das poucas versões do primeiro disco que ajudam, inclusive, a "melhorar" a original (do álbum "Velocia", de 2014). As vozes com uma pitada de soul e o balanço, sem perder a beleza da melodia, tornam a segunda faixa muito gostosa de se ouvir.

Levando a canção a dar um passo além do reggae (e exagerando um pouco), o Quarup (SP) faz uma "versão da versão" de "Vamos Fugir", original de Gilberto Gil. O Skank a gravou para a coletânea "Radiola", lançada em 2004. O The Baggios (SE) manda uma ótima versão de "A Cerca" (do clássico "Calango", 1994), emprestando a personalidade do sotaque nordestino e uma pegada do rock setentista à original dos mineiros, mais pop e certinha.

Hit de "Calango", "Pacato Cidadão" ganha uma versão festiva do Francisco, El Hombre (SP), que procura expandir a original para um lugar que acaba deixando a sonoridade meio "magra" e sem o ânimo essencial da canção.

Esteban Tavares deixa "Mil Acasos" mais dramática (e vai de acordo com o gosto do ouvinte, também, julgar se isso é bom ou ruim): a original parece "espremida", na tentativa do artista em conferir um tom romântico à canção. Dentre as faixas do Disco 1, é tão fraca quanto a versão de "Acima do Sol", de Anna Muller (ES).

Teago Oliveira, do Maglore (BA), tenta levar "Esmola", outro hit de "Calango", para outra atmosfera, com timbres retrô e linha de voz distinta da original. O resultado soa interessante, embora, na primeira audição, assuste um pouco quem conhece a do Skank.

O super hit "Garota Nacional" (de "Samba Poconé", 1996) ganha uma boa versão do Manitu (MG). O grupo conseguiu despojar ainda mais a original, que já é bem descolada, e injetou uma dose maior de suingue e uma percussão mais viva no arranjo. Com uma versão bem honesta, sem modificar tanto a estrutura da original, os paraibanos do Seu Pereira e o Coletivo 401 reinventaram "Ela me deixou". Esta é outra bela canção do Skank que, a exemplo de "Esquecimento", integra o repertório de "Velocia" (2014), álbum que para muita gente ainda é novo.

Clímax

O pernambucano Zé Manoel afirma seu talento para desfiar belíssimas canções no formato voz e piano, com a versão de "Tanto" (escrita por Chico Amaral a partir de "I want you", de Bob Dylan). É o caso de ouvir e refletir como o Skank, ao longo de 25 anos, fez carreira a reboque de tantas boas melodias (e "potentes", permitindo que outros arranjadores façam o que Zé Manoel fez, neste caso). É o clímax desse Disco 1.

A Banda mais Bonita da Cidade (PR), na sequência, traz uma atmosfera mais etérea para "Canção Noturna" ("Maquinarama", 2000). A versão traz o mesmo problema de "Pacato Cidadão" do Francisco El Hombre: o experimento deixa a sonoridade mais magra e o "punch" da original faz falta.

O talentoso Wado (AL) faz sua releitura em cima de uma das músicas mais superestimadas do Skank, "Dois Rios" (do disco também superestimado "Cosmotron", de 2003). Como a original não colabora, a versão soa frágil. Sem inventar a roda no vocal, Jéf (RS) traz um bom molho percussivo para "Sutilmente" (do disco "Estandarte", 2008).

A divertida "Sem Terra" ganha um arranjo do mestre André Abujamra (SP) e Sérgio Sofiatti (PR). Com samplers da original, a versão torta tem o êxito de largar a mão nas experimentações e ao mesmo tempo manter o bom balanço do hit do Skank (de "Samba Poconé", 1996).

A bônus track do Disco 1, "Não vem brincar de amor" (com samplers do hit "Balada do Amor Inabalável"), traz o rapper Rico Dalasam (SP) crescendo bastante, artisticamente. A faixa, direta e bem produzida, surpreende quem conhece as primeiras incursões de Dalasam.

Disco

Dois Lados Tributo ao Skank (Vários)

Scream & Yell

2017, 31 faixas (2 discos)

Disponível em soundcloud.com/coletaneadoislados

Diáro do Nordeste 

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