Pular para o conteúdo principal

Mostra "Henri Matisse - Jazz" abre hoje (11), na Caixa Cultural Fortaleza

por Iracema Sales - Repórter
arte
A exposição "Henri Matisse - Jazz", cuja abertura acontece nesta terça (11), na Caixa Cultural Fortaleza, com visitação fechada, tem como objetivo ressaltar o talento de um dos nomes mais significativos da arte moderna ocidental. A mostra é formada por 20 reproduções que ilustram o livro-álbum "Jazz", publicado em Paris, no ano de 1947, e ressalta uma das múltiplas facetas do pintor francês (1869- 1954): a experimentação.
Matisse transitou com desenvoltura por diferentes linguagens artísticas, entre pintura, desenho e escultura, além de inventar suas próprias técnicas de trabalho. Essas sutilezas são verificadas em "Jazz", através dos papéis coloridos.
O livro reúne tanto os experimentos visuais - com recortes, colagens e interferências de pintura - quanto escritos do próprio Matisse, como numa afinada orquestra de jazz. A exposição traz apenas a parte visual, sem os textos. Os temas são simples, retirados do cotidiano, variando entre a abstração e o figurativo. "Todas as folhas que contêm imagens estão na exposição. Em algumas, a imagem ocupa todo o espaço, em outras temos o texto ao lado. As folhas compostas apenas de texto não serão apresentadas", explica a curadora Anna Paola Baptista.
A mostra será aberta ao público geral nesta quarta-feira (12), e fica em cartaz até 10 de setembro. Daqui, seguirá para Brasília, Curitiba, Salvador e Recife, terminando a itinerância no Rio de Janeiro.
Responsável também pela curadoria do Museu da Chácara do Céu, no Rio, Anna Paola Batista arrisca dizer que "Matisse e Picasso são considerados os dois maiores ícones da arte moderna ocidental, portanto é sempre enriquecedor poder observar sua obra, especialmente no Brasil, onde os acervos públicos não são especialmente ricos em obras desses artistas".
Ao ser indagada sobre qual a importância de resgatar o trabalho de Matisse, nos dias atuais, Anna Paola responde: "A arte contemporânea bebe na fonte do passado assim como a arte de cada tempo".
Técnica
A curadora fala sobre as ilustrações do livro "Jazz", desenvolvidas pelo desenhista, pintor e escultor na segunda metade dos anos 1940, resultado da combinação de recortes de papéis e ilustrações. A técnica foi criada durante o período em que Matisse ficou doente, sofrendo limitações de locomoção e chegando a usar cadeira de rodas.
Trata-se da técnica "aupochoir", que, segundo Anna Paola, é uma variação da serigrafia. O mestre francês utilizava moldes vazados (stencils), um para cada forma da composição. "A tinta é aplicada com pincel, tipo pompom, no vazamento do molde. É extremamente artesanal, delicada e trabalhosa", completa a curadora.
Algumas vanguardas artísticas do início do século XX utilizaram a colagem, a exemplo dos surrealistas e dadaístas, associando palavras com a intenção de unir pintura e poesia.
No entanto, Paola assegura que Matisse fez uso com fundamentos e objetivos diferentes daqueles dos vanguardistas. "Sua ideia é automatizar a cor, poder fundir cor e desenho, passando a desenhar diretamente na cor", esclarece.
Fonte
Segundo a Caixa Cultural, dos 250 livros impressos dois estão no Brasil. As obras que compõem a mostra pertencem ao exemplar 196, que integra o acervo dos Museus Castro Maya. O artista havia experimentado a técnica denominada "papel colado", antes, ao realizar estudos para a concepção de uma das suas obras mais conhecidas, "A dança", de 1909.
"Durante os primeiros dois anos de trabalho, Matisse experimentou cores e formas, utilizando folhas de papel que coloria com vivas e brilhantes cores de guache. Recortava até atingir o resultado que pretendia. O processo de edição do álbum, iniciado em 1942, durou cinco anos. O título foi definido em 1944 e a ideia de incluir texto, em 1946", explica o material de divulgação da exposição.
"As imagens refletem as tendências da arte no período, oscilando entre a abstração e o figurativo, sendo acrescidas de mensagens escritas", prossegue o texto.
Nas ilustrações de "Jazz", o autor aborda motivos simples, indo buscar referências nos circos, seus personagens, contos populares e viagens, tudo de maneira harmoniosa, comparando o processo à regência de uma orquestra de jazz - o que justifica o título.
Mais informações:
Abertura da exposição "Henri Matisse - Jazz". Hoje (11), às 19h, com visita guiada para convidados, na Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema). Aberta ao público a partir de quarta (12) até 10/09. Horário: de terça a sábado, das 10h às 20h; domingo, das 12h às 19. Gratuito. Contato: (85) 3453.2770

Diário do Nordeste

Comentários