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Terceiro ano da Feira Índice - voltada a publicações literárias independentes do Estado

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Feito a 12 mãos: projeto do selo Indícios envolveu seis artistas divididos em dupla. Na ocasião do lançamento, durante a Feira Índice, publicações serão construídas com participação do público, que poderá levar exemplares das obras.
Livrarias de pequeno porte, editoras independentes, sebos de publicações impressas, zineiros, escritores e artistas visuais: é nessa mistura de letras e grafismos, criatividade e inovação, que o terceiro ano de realização da Feira Índice acontecerá neste domingo (16), das 16h às 20h, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC).
Conhecido por fomentar o mercado editorial alternativo na cidade, o projeto pretende ganhar maior visibilidade a partir do prosseguimento da efetiva presença de autores no evento, embora não somente. Um dos grandes destaques da programação em 2017 envolve o lançamento do selo literário Indícios, numa parceria firmada entre o Instituto Dragão do Mar, a Feira Índice e a gráfica Riso Tropical.
Indo na mão do princípio autoral que rege a ação, a novidade pretende conferir especial enfoque a quem pouco tem visibilidade no mercado editorial cearense. E já no dia de sua apresentação oficial ao público, o Indícios publica as três primeiras criações que selecionou, baseadas no tema "Como reconhecer Fortaleza".
As zines foram elaboradas em dupla por seis artistas locais, comprometidos em evidenciar olhares ampliados sobre a urbe através de um recorte dinâmico, singular. A turma inclui Estácio Facó e Simone Barreto; Roberta Félix e João Miguel Lima; e Lúcio Flávio Gondim e Pedro Augusto.
À frente da curadoria da Feira está a artista visual Fernanda Meireles, também editora do selo. Nas palavras dela, a iniciativa prima pela originalidade, especialmente em seu trato técnico. "Recebi o convite do Dragão do Mar para pensar algumas ações na área de literatura neste ano com muita alegria", diz.
"Enquanto isso, a Riso Tropical, do Rodrigo Costa Lima, começava a convidar artistas locais das mais diversas linguagens a experimentar o tipo de impressão que conhecemos como risografia", conta. "É algo diferente da fotocópia simples (chamada de xérox), pois permite o uso das cores com um resultado incrível e sempre imprevisível. Era o que faltava pra tocar a ideia do selo Indícios. Aproximar quem curte design de quem curte zines, publicar-se, pegar em papel, montar as publicações... E cores!", detalha a profissional.
Um feito que merece atenção: a linha de montagem dos produtos derivados do selo será realizada durante a Feira Índice e com a ajuda do público. O mesmo poderá levar um exemplar das obras para casa gratuitamente e já é convidado a também partilhar sua arte no papel.
Trajeto
A ideia de lançar o selo não vem de hoje. Na verdade, demandou um tempo considerável para que o mesmo se tornasse projeto concreto, conforme contextualiza Fernanda. Isso tendo em vista, principalmente, que o próprio trajeto artístico que ela seguiu dialoga com os princípios que norteiam a ação.
Em suas palavras, "há 17 anos trabalho com oficinas de zine, pesquiso sobre o tema, fui a feiras e zinetecas pelo mundo e Fortaleza é uma cidade com uma história bastante peculiar no que diz respeito a esse tipo de publicação. Zines estão muito próximos dos espaços de educação formal e informal aqui. Tivemos um evento mensal de troca de zines que durou quase sete anos! Era o Zine-se. Para compôr o selo, convidei artistas que não estão dentro do circuito comercial tradicional de arte, que podem assumir trabalhos não-artísticos para ter renda, mas que, além de terem um olhar atento e muito próprio sobre a cidade, produzem arte sem holofotes. Quis jogar um holofote nesses trabalhos, expandir a visão de Fortaleza que neles aparece. São eles, os primeiros Indícios da cidade, uma forma de nos re-conhecer", pontua.
Segmentando cada trabalho, tem-se que Simone Barreto e Estácio Facó idealizaram "Alamedas", zine com cenas da Cidade 200, onde se conheceram, e da Praia de Iracema. Perspectivas afetivas em tom de desbravamento pelos espaços da cidade.
Já "Afta", concebido em cores preto e rosa neon - que brilha sob a luz negra - trata do desejo espalhado em diversos bairros da metrópole, criação de Lúcio Flávio Gondim e Peaug (como é mais conhecido Pedro Augusto). Por sua vez, "Átimo", rebento impresso de Roberta Félix e João Miguel Lima, partilha olhares e fusões com o corpo fortalezense, seja ele a sombra das árvores, a água do mar, o fluxo dos corpos no Centro, o que se passa para além das janelas dos ônibus, entre outros.
"Como reconhecer Fortaleza? Essa é a pergunta que une a todos, e através das páginas de cada um, teremos bons indícios", arremata Fernanda.
Mais informações:
Feira Índice e lançamento do selo literário Indícios. Neste domingo (16), das 16h às 20h, na Arena Dragão do Mar (R. Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Gratuito. Contato: (85) 3488.8600

Diário do Nordeste

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