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Talentos de projetos sociais são indispensáveis, diz chefe de equipe do judô

Vinicius Lisboa* - Repórter da Agência Brasil
Tamires e Eleudis comemoram medalhas na Universíade - Divulgação/CBDU
Tamires e Eleudis comemoram medalhas na Universíade - DivulgaçãoCBDU
As duas judocas que conquistaram nessa terça-feira (22) uma prata e um bronze para o Brasil na Universíade enfrentaram um adversário comum antes dos tatames de Taipei: a desigualdade social. Formadas em projetos sociais que vêm descobrindo talentos como a carioca Rafaela Silva, medalha de ouro na Rio 2016, Eleudis Valentin e Tamires Crude fazem parte de um time que mostra que a inclusão não muda apenas a vida de quem é incluído, mas traz ganhos para toda a sociedade.
O chefe de equipe do judô brasileiro na Universíade, Irã Candido, afirma que os atletas vindos de projetos sociais hoje "são de suma importância" para os resultados que o país vem obtendo: "A grande importância do projeto é dar o que o brasileiro precisa, que é oportunidade. Quando você acha o talento e ele tem a oportunidade de crescer, você não tem dúvida que vai ser sucesso", diz Irã, que também já atuou em comunidades carentes de Maceió.
Além das medalhistas de ontem, a seleção brasileira na Universíade tem outros nomes que treinam em projetos sociais, como Carolina Pereira e Ruan Isquierdo, do Instituto Reação, que é também a casa de Tamires. Ao conseguir bolsas de estudo por meio do esporte universitário, esses atletas rompem outra barreira - o diploma de nível superior.
Com a medalha de prata na categoria até 52kg, Eleudis comemora que o judô também tenha agregado à sua trajetória a possibilidade de se formar em educação física. "É algo que teria um custo muito alto", diz ela.
 
"Posso dizer que o esporte é minha vida. Não sei onde eu estaria agora, mas o esporte foi um caminho muito bom. Esses dias, eu estava pensando aqui em Taipei que não imaginava que uma pessoa de família de baixa renda iria para o outro lado do mundo".
A atleta, que começou no projeto social da Academia Yama Arashi, em São Paulo, quer voltar "ao outro lado do mundo" em 2020, para a Olimpíada de Tóquio.
"A Universíade é apenas o começo, mas aqui você já está conseguindo uma medalha entre os melhores. Tem chão ainda, mas essa Universíade me dá um gás".
Hoje treinando no Instituto Reação, no Rio de Janeiro, Tamires Crude quase abandonou o judô quando o projeto social que a descobriu em São Paulo acabou. O acolhimento no Rio de Janeiro veio quando o treinador Geraldo Bernardes e a adversária em sua categoria Rafaela Silva não se conformaram com a possibilidade de a medalhista deixar o esporte.
"Não queria mais saber de judô, estava desanimada, daí o Geraldo me chamou e disse que ia me colocar na seleção. No começo, eu morei na casa da Rafaela, fiquei bem amiga dela e ela me ajudou muito lá. Evoluí muito com ela. A gente é da mesma categoria mas só no tatame. Fora, é só amizade".
Quadro de medalhas
A Universíade 2017 reúne em Taipei mais de 10 mil atletas universitários de 21 modalidades, e o Brasil está representado em 14 delas. Na delegação brasileira estão 19 atletas que representaram o país nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, entre eles o lutador de taekwondo Maicon Andrade, que conquistou o bronze olímpico.
Com as medalhas dessa terça-feira no judô, o Brasil passa a ter um ouro, uma prata e três bronzes e ocupa a 14ª colocação no quadro geral, que é liderado pela Coreia do Sul, o Japão e a Taipei Chinesa.

*O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU)

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