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Bienal Internacional de Dança do Ceará celebra 20 anos de existência

por Adriana Martins - Editora assistente/Roberta Souza - Repórter
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Espetáculos da SP Cia de Dança e Balé Teatro Castro Alves (abaixo) ( Fotos: WILIAN AGUIAR /Fabio Bouzas/div )
Nos 20 anos da Bienal Internacional de Dança do Ceará, não é somente a longevidade do evento que se celebra, mas sim as mudanças que impactaram positivamente o cenário de formação e criação nessa linguagem no Estado. Estas, visivelmente, foram muitas. De lá para cá, o número de companhias e projetos sociais focados em dança aumentou, cursos acadêmicos e profissionalizantes se desenvolveram, intercâmbios com outros países se multiplicaram. E a tendência é que isso continue, tendo em vista a programação da 11ª edição, que acontece neste mês de outubro.
Com todas as atividades gratuitas, ela será realizada em Sobral (19 a 22/10), Fortaleza (20 a 29/10), Paracuru (20 e 21/10), Trairí (20 e 21/10), Aquiraz (21 e 22/10), Juazeiro do Norte (25 e 26/10) e Itapipoca (27 e 28/10). No total, serão aproximadamente 80 apresentações artísticas de bailarinos, companhias, DJs e músicos. Entre as atrações de dança, especificamente, estão 25 companhias locais, nove nacionais e nove de mais sete países.
"Hoje a Bienal faz parte do Circuito Brasileiro de Festivais Internacionais de Dança, favorecendo toda uma circulação no País e no exterior. Temos bailarinos que sobrevivem de dança - vale ressaltar: não vivem de dança, sobrevivem", destaca o diretor geral do evento, David Linhares. Ele não hesita em afirmar que "o Ceará tem um percurso de se tirar o chapéu".
Em Fortaleza, David destaca o trabalho de projetos sociais como Edisca e Vidança; já no Interior lembra o trabalho realizado por Alysson Amâncio, no Cariri, e por Flávio Sampaio, na Escola de Dança de Paracuru. "Paracuru é um berço de bailarinos homens, um modelo único no Brasil, que exporta bailarinos como 'pãezinhos', porque Flavio Sampaio é capaz de transformar aqueles meninos em exímios profissionais em apenas quatro anos, graças à sua experiência no Ballet Bolshoi e na Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Hoje bailarinos formados por ele estão formando outros", exemplifica David.
Bienal
Nesta edição comemorativa, a Bienal apresentará companhias e bailarinos do Brasil, Noruega, Suécia, França, Alemanha, Canadá, Congo, Bélgica e Argentina. Mas é, sobretudo, a presença em massa de artistas e companhias cearenses, que representam cerca de 40% da programação, que dá fôlego ao argumento de que a cena local cresce em parceria com o evento.
"Temos intercâmbios que possibilitam trazer companhias de outros países, com grandes nomes. Hoje qualquer bailarino do Ceará pode dizer 'eu conheço o trabalho desses profissionais, atuei ao lado deles'. O Fauller, por exemplo, viajou toda a Europa, e em 2017 vejo meu maior sonho que é a Wilemara Barros dançar 'A morte do cisne' na abertura da Bienal", adianta o diretor geral. A abertura oficial em Fortaleza acontece no próximo dia 20, a partir das 21h, no palco do Theatro José de Alencar. Além de Wilemara, Fauller apresentará o solo "A cadeirinha e eu", criação a partir da obra homônima da cearense Sílvia Moura.
Linhares destaca ainda a diversidade do grupo que está nos bastidores do evento, inclusive do ponto de vista de financiamento. "Antes a Bienal 'chorava' para ser bancada por grandes instituições; hoje entre 30% e 40% do nosso projeto é financiado por instituições internacionais", salienta. Em relação à curadoria, há pelo menos oito curadores de outros estados brasileiros compondo o time. "Não existe nenhum festival no Brasil com esse porte - existe o de Joinville, que segundo o Guinness Book é o maior do mundo, mas não com o nosso formato", afirma.
Perceber a Bienal como um divisor de águas, para Linhares, é algo evidente. "Hoje a dança é uma das linguagens artísticas mais estruturadas no Estado, temos o Fórum de Dança, um curso técnico com várias turmas formadas, uma graduação e agora caminhamos para uma pós-graduação. Temos Thereza Rocha, Leonel Brum, Paulo Caldas, grandes nomes presentes dentro da nossa Academia. Também estamos lançando um livro, resultado do seminário France-Dance 2016, que colocou 11 pesquisadores nacionais e estrangeiros para pensar caminhos: o que fizemos até agora e para onde estamos indo. Quer dizer, existe um pensamento, uma profissionalização", observa.
O diálogo com outras manifestações artísticas proposto pela Bienal também é destacado pelo diretor geral. "Neste ano temos o rapper Don L como convidado. Essa possibilidade de cruzamento de outras linguagens já deu origem a um outro evento, a Bienal de Par em Par, nos anos pares. Quando falamos de transversalidade, estamos cativando outras manifestações culturais, que passam a ver na dança novas possibilidades e caminhos", conclui.

Diário do Nordeste

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