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Festival de Teatro da Terceira Idade começa amanhã no CCBNB

Mazé Figueiredo reencontrou o teatro após a aposentadoria MARIANA PARENTE/ESPECIAL PARA O POVO
Mazé Figueiredo reencontrou o teatro após a aposentadoria MARIANA PARENTE/ESPECIAL PARA O POVO
Nascida em Mossoró, Mazé Figueiredo veio para Fortaleza ainda cedo. Profissionalmente, construiu carreira no Banco do Nordeste, onde ficou até se aposentar. Após passar décadas “sendo bancária, cuidando do marido e dos filhos”, como conta, ela deixou avisado: “Agora vou fazer o que eu quiser”. Depois de experiências na infância, Mazé decidiu, “como fênix renascendo das cinzas”, por voltar a fazer teatro. Avançando na área, a atriz organizou em 2013 o I Festival de Teatro da Terceira Idade (Festidade), que aconteceu também em 2015 e, agora, chega à terceira edição. O evento ocorre amanhã, 11, e na sexta, 13, no Centro Cultural Banco do Nordeste.
“Eu sou muito ousada. Acho que nasci artista”, arrisca Mazé, aos 79 anos. “Nesta edição, saí mendigando pelas empresas por apoio financeiro. Dizia ‘quero dinheiro pra fazer um festival de velho’”, conta, indicando que o apoio conseguido por meio do Banco do Nordeste e da companhia M. Dias Branco possibilitou a realização do Festidade. “Fazer arte na nossa Cidade não é fácil. Convivo com a meninada e vejo a batalha deles para sobreviver”, afirma. “Produzir cultura é produzir o crescimento de uma sociedade”, defende a atriz.
“E o povo ainda não dá valor pra velho”, sentencia. “É preciso que os governantes invistam em políticas públicas para a terceira idade. O Brasil envelheceu, menino. O que vão fazer com esse contingente populacional?”, questiona. A partir dessa inquietação e do gosto pelas artes, Mazé decidiu ajudar a responder à própria pergunta. Assim, projetou o Festidade. “Pego pessoas que terminaram a batalha laboral, se aposentaram, mas ainda têm conhecimento, experiência e continuam sendo seres pensantes. Estamos tirando pessoas do hospital, do posto de saúde, do ostracismo”, aponta. “Essas pessoas que estão fora do mercado podem ser vistas como agentes de importância para a política cultural do nosso Estado. Mesmo que estejam envelhecendo, as condições artísticas permanecem”. A própria Mazé estará em cena no Festidade com montagem de A Diva, de Walden Luiz.
A programação do Festidade vai além do teatro, apostando na diversidade. “Idoso não aguenta muito tempo a mesma coisa, não pode ficar muito tempo sentado”, justifica, bem-humorada. “Bordamos uma colcha de retalhos com as esquetes teatrais, e também exibição de filme, palestras, oficinas, apresentação de coral e de banda, grupo de afoxé, momentos sobre qualidade de vida”, lista. “Você não vai morrer só porque se aposentou”, reforça. “O festival possibilita e funciona como uma mola propulsora de arte e cultura em prol dos idosos, desmistificando a relação da terceira idade com a produtividade. Tudo isso está no estatuto do idoso. Queremos, sim, ter esse protagonismo, voz e vez. Temos talento, somos criativos. A longevidade da população é uma realidade”.
SERVIÇO
III Festival de Teatro da Terceira Idade
Quando: 11 e 13, de 10 às 17 horas
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Floriano Peixoto, 941)
Entrada franca.
JOÃO GABRIEL TRÉZ
O Povo

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