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Filme sobre refugiado sírio e documentários chegam aos cinemas

 
Veja um resumo dos principais filmes que estreiam nos cinemas do país
Cena do filme
Cena do filme "O outro lado da esperança". (Divulgação)

Por Neusa Barbosa e Alysson Oliveira
Veja um resumo dos principais filmes que estreiam nos cinemas do país:
“O outro lado da esperança”

Premiado com o troféu de melhor direção no Festival de Berlim 2017, o cineasta finlandês Aki Kaurismaki acompanha neste filme a jornada de um refugiado sírio, Khaled (Sherwan Haji), que chega à Finlândia escondido na carga de carvão de um navio. Aos poucos, ele vai entrando na realidade de Helsinque, procurando asilo por vias legais, depois tentando simplesmente ficar por ali.

O restaurante onde Khaled encontra emprego concentra as contradições e o humor que Kaurismaki gosta de explorar. Comandado por um ex-vendedor de camisas, Wikstrom (Sakari Kuosmanen), e um impagável trio de funcionários bizarros, o lugar, a determinada altura, vira um sushi-bar, sem um único japonês atrás do balcão.

Mesmo cultivando as situações cômicas, não se perde de vista que na Finlândia a burocracia que decide sobre os pedidos de asilo é tão indiferente quanto a dos demais países europeus. Além disso, Khaled precisa, ocasionalmente, salvar a pele de ataques de milícias anti-imigrantes.

“No intenso agora”

Onze anos depois do premiado documentário ”Santiago” (2006), em que traça o perfil de um mordomo de sua família, João Moreira Salles volta ao cinema. Uma parte de sua história pessoal percorre também “No Intenso Agora”, documentário premiado em festivais na França, Japão e Chile, que tem como ponto de partida imagens colhidas por sua mãe, Elisa, na China, numa viagem em 1966, encontradas por acaso 40 anos depois.

Se os filmes deixados por Elisa são o pretexto inicial, na verdade eles não ocupam mais do que uma pequena parte deste documentário que, ao contrário de “Santiago”, baseia-se exclusivamente em materiais de arquivo. Fazendo uma associação do material filmado pela mãe, numa China em plena Revolução Cultural, a outros momentos históricos de intensa transformação, o cineasta escolhe sequências colhidas em Maio de 1968 na França e na Primavera de Praga na então Tchecoslováquia, nesse mesmo ano.

A montagem de Eduardo Escorel e Laís Lifschitz e a narração do próprio Moreira Salles organizam este denso material, criando ligações e traçando uma reflexão profunda sobre a instabilidade do tempo e da História.

“Uma verdade mais inconveniente”

Neste documentário, sua estrela, o ex-presidente dos EUA Al Gore, retoma os temas do filme de 2006 sobre aquecimento global e começa a nova empreitada com uma série de noticiários da televisão que o ridicularizaram quando tocava no assunto. “Eu bem que avisei”, parece dizer.

Dirigido por Bonni Cohen e Jon Shenk, o filme é uma espécie de mal necessário que, mais uma vez, alerta sobre as catástrofes ambientais do presente e suas causas, sem esquecer que o atual presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país do Acordo de Paris, que visava conter as alterações climáticas.

Mais do que um ativista, Gore é, na verdade, um eco-empreendedor e sua missão de salvar o planeta não deixa de ser um bom marketing pessoal para aparecer e brilhar em eventos ao redor do mundo. Algo que parece ser mais vantajoso do que se tivesse ganhado as eleições para presidente dos EUA – quando se candidatou em 2000.

“Vazante”

Em seu primeiro trabalho solo, depois de alguns filmes em parceria, como “Terra Estrangeira” e “Linha de Passe” (com Walter Salles) e “Insolação” (com Felipe Hirsch), a diretora Daniela Thomas realiza, neste drama de época, ambientado em 1821, uma releitura do patriarcado, da violência da escravidão e da apropriação predatória da natureza que marcou a história do Brasil num filme extremamente bem-realizado.

Homem rude e poderoso, o tropeiro português Antônio (Adriano Carvalho) volta de uma viagem com um lote de escravos para comerciar, encontrando em sua fazendo a mulher morta no parto, assim como o bebê. Tempos depois, resolve casar-se com a sobrinha de sua mulher, a menina Beatriz (Luana Nastas), mas deve esperar para consumar o casamento pois ela ainda não teve a primeira menstruação.

É singular como o filme elabora visualmente sua narrativa, em rostos que expressam muito sem dizer uma palavra e também nas paisagens da fazenda mineira que constitui seu cenário principal. Apoiada em pesquisa da historiadora Mary del Priore, a diretora, que roteiriza o filme com Roberto Amaral, retrata situações de exploração e violência contra os escravos e também a sujeição que se abate sobre todas as mulheres, na casa grande ou na senzala.

“Gosto se discute”

A comédia “Gosto se Discute” tem como cenário principal um restaurante fino que perdeu espaço para um food truck instalado do outro lado da rua. Cassio Gabus Mendes interpreta Augusto, proprietário e chef do negócio que está com os dias contados. Até a chegada de uma auditora, Cristina (Kéfera Buchmann), que vai mudar tudo no estabelecimento para vencer a concorrência.

A sinopse do filme escrito e dirigido por André Pellenz é promissora para uma comédia romântica, mas a trama nunca serve o que promete no menu. Não há timing numa série de piadas sem graça, além das interpretações pouco inspiradas.

Kéfera se esforça mas não consegue nem fazer caras e bocas. Sendo uma youtuber, esperava-se um pouco mais de espontaneidade em sua interpretação, mas ela está presa num personagem que não domina e suas falas parecem dubladas. Gabus Mendes, que é um ator competente, por sua vez, limita-se a gritar, resmungar e mexer panelas - o que é muito pouco.

Reuters

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