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O 'menino' Helder

Geovane Saraiva*

Não podemos esquecer jamais o menino Helder, nascido há 109 anos, aos 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, onde cresceu brincando de celebrar missa e, ao receber o conselho do pai, quando soube que queria ser padre, escutou dele: "Meu filho, você sabe o que é ser padre? Lembre-se de que padre e egoísmo nunca podem andar juntos. Padre tem que se gastar e se deixar devorar". Dom Helder toma a decisão de ir para o Rio de Janeiro em 1936 e Dom Manoel da Silva Gomes, seu arcebispo, ao saber do desejo do jovem padre, assim se expressou: "Meu filho, é Deus, é Deus que está lhe chamando para o Rio de Janeiro. Vá, meu filho! Vá!". O encontro de Dom Helder Câmara com Dalai Lama - dois grandes pacifistas - no Rio de Janeiro, em 1992, bem que nos ajuda a refletir e pensar na boa semente plantada no coração do povo de Deus pelo Artesão da Paz no século XX, numa longa estrada: 1909 a 1999. Diante dos sinais de morte e tribulações, pelos quais passa a humanidade, Dom Helder quer mexer com nossa insensibilidade e indiferença: "Que sementes desejo espalhar pela Terra? Sementes de paz, de amor, de compreensão e de esperança. Há tanto desespero, desengano, decepção, frustração e desesperança! Sementes de esperança chegariam em boa hora". Dom Helder, criatura humana de Deus, "queria ser uma humilde poça d'água, para refletir o céu". Dentro de uma grande visão pedagógica, na luta pela paz no mundo, deixou-nos a lição da utopia do reino de Deus: "Quando se sonha no isolamento, é só um sonho, mas, quando o sonho é em comunidade, já é começo de uma nova realidade". Amém!

*Padre e jornalista

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