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Entenda o que e como o Google sabe sobre você

No centro das discussões após o vazamento de informações usadas para manipular os eleitores durante a campanha de Donald Trump, em 2016, nos Estados Unidos (EUA), a privacidade no ambiente virtual tem faces desconhecidas. Assim como o Facebook, o Google obtém informações sobre o usuário e monitora todos seus movimentos na rede.
 
São os rastros digitais deixados a partir do momento que alguém acessa a internet ou adquire um smartphone android, já que é necessário criar uma conta no Google para baixar os aplicativos - no IOS, utiliza-se o App Store. Ao mesmo tempo que os usuários têm a percepção de vigilância, há uma viabilização de dados naturalizada na rotina da sociedade contemporânea, por meio da ferramenta de busca, navegador Chrome, Gmail, YouTube, Sistema de Posicionamento Global (GPS) e outras diversas plataformas.
  
Com essa teia de serviços, o Google consegue criar uma espécie de personalidade virtual baseada no comportamento de cada indivíduo. Esse monitoramento soma-se ao acúmulo de dados de cada usuário, o que pode ser considerado o fenômeno denominado Big Data, de acordo com Paulo Henrique Maia, coordenador do curso de Ciência da Computação da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e do Laboratório de Tecnologias Computacionais (LabTech).
 
“Por meio dele, pode-se tirar algum proveito tanto na tomada de decisão de alguma área como para melhorar o encaminhamento de um produto”, explicou. Ele destaca que o Google armazena tudo o que é colocado nas suas plataformas. Não é à toa que, ao navegar em determinada página, aparece o anúncio de um produto que já  havia sido buscado ou até falado por meio de aplicativos de áudios.
 
Para o professor, o mecanismo submete o usuário a uma situação de vulnerabilidade. “Espera-se que o Google não utilize de outras formas, mas não há como saber 100% o que ele faz. Esse tipo de situação só vem à tona quando alguém denuncia”, destaca. Ele recomenda alguns cuidados para preservar a privacidade como limpar o cachê do navegador com frequência, desativar os cookies do computador ou aparelho móvel e, para a segurança, trocar a senha das redes sociais e e-mails. 
 
Segurança 
 
O especialista em marketing digital e diretor da agência cearense certificada para Google AdWords, Convertte, Rafael Alves, explica que a captação de dados da multinacional é diferente da praticada pelo Facebook. “É um navegador que ele utiliza e deixa lá o seu rastro, o GPS, o próprio e-mail”, enumera.
 
“À medida que ele oferece esses serviços ‘gratuitos’, ele consegue captar o que o usuário não entrega de forma espontânea. Então, ele consegue obter informações através do comportamento do usuário”, destaca por telefone ao O POVO Online.  
  
Enquanto para o usuário o que está em jogo é a privacidade, para o Google, aprerrogativa é definir o perfil do consumidor. Segundo o especialista, essas informações não são usadas indevidamente. “O intuito não é saber sobre você para fazer algo maquiavélico, é se você tem uma experiência dentro da plataforma para que ele possa vender de forma direcionada e as empresas possam anunciar”, explica.
 
Embora a estratégia seja controvérsia, de acordo com Rafael, o compilado de informes não compromete a segurança da navegação. “Tal qual quando você faz uma atividade em público, na internet também não há anonimato. Temos a falsa sensação de que estamos com a privacidade garantida. Mas, não”, compara. “A questão prioritária é ter cuidado com o caminho que as coisas vão tomar. Nas mãos de um regime autoritário, as informações podem ser tornar uma arma”, alerta. 
 
Todas os dados obtidos pelo Google são consentidos pelos usuários. Condição está detalhada nas letras miúdas dos termos de serviço quando baixa-se um aplicativo ou cria-se uma conta nas plataformas. O  POVO Online procurou, por e-mail, o Google para esclarecer sobre as políticas de privacidade, mas ainda não houve retorno. 
 
A multinacional disponibiliza uma página informando como coleta e usa os dados. “Coletamos informações para fornecer serviços melhores a todos os nossos usuários, desde descobrir coisas básicas, como o idioma que eles falam, até coisas mais complexas, como anúncios que o usuário pode considerar mais úteis, as pessoas on-line que são mais importantes para o usuário ou os vídeos do YouTube dos quais o usuário poderá gostar”. 
Leia todo aqui.
 
 
O QUE O GOOGLE SABE SOBRE VOCÊ
 
O que ele pensa sobre você
(Foto: Reprodução Google)
 
O Google cria o seu perfil como consumidor. É assim que ele impulsiona as publicidades que aparecerão para você no percurso virtual. Assim, define seus gostos, interesses, gênero e idade. 
Para ter acesso, basta clicar no link
www.google.com/settings/ads/
 
 
Suas pesquisas 
(Foto: Reprodução Google)
Assim como tudo que você faz é vinculado à sua conta, o que você joga na página de busca também é. Você pode ver tudo que você procurou e fez todo esse tempo e ainda baixar os arquivos com todas as pesquisas. Através do link: 
https://www.google.com/history/
  
Mapeia sua rotina 
(Foto: Reprodução Google)
 
O Google armazena o histórico da sua localização. É possível voltar no tempo e ver onde você estava em determinado dia. Isso corre quando você permite esse tipo de informação no smartphone. Ele também sabe onde você trabalha e mora. Mecanismo é possível de ser desativado. 
 
Como acessar ao seu histórico: https://maps.google.com/locationhistory
 
Como desativar: após entrar no histórico, clique em Pausar histórico de localização. Caso queira apagar as informações obtidas ali, clique no ícone da engrenagem no canto inferior direito e selecione Excluir todo o histórico de localização.

BRUNA DAMASCENO

O Povo

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