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Artista Tiago de Alencar (CE) realiza a exposição fotográfica e itinerante "Locus"

por Felipe Gurgel - Repórter
cidade
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Fotografias de Tiago de Alencar, que compõem o projeto artístico multimídia Locus: olhar para aquilo que passa despercebido na correria do dia a dia
O fortalezense Tiago de Alencar (34) percebia que o detalhe visual de Fortaleza, como em toda metrópole, normalmente passa despercebido pela população. Publicitário e músico, ele começou a lidar com a fotografia experimental e a registrar, a princípio sem pretensão de expor, a natureza de alguns lugares da cidade. Esse olhar deu origem ao projeto Locus, uma exposição de fotos "a céu aberto" que envolve QR codes (códigos que podem ser lidos pelo celular, para visualizar conteúdo) e instalações itinerantes.
Uma parte das imagens e outras informações sobre os rumos do projeto podem ser acessadas pelo Facebook (/fotoinloco) e pelo Instagram (@fotoinloco). De 4 de maio a 4 de junho passado, o material esteve exposto no Centro Cultural Belchior (Praia de Iracema).
Apoiado pelo Edital das Artes da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), de 2016, o Locus foi criado para alcançar o público que procura um olhar inédito e se afeta com o espaço público da capital cearense de alguma maneira. Sejam os fortalezenses que vivem em outros lugares e sentem saudades da terra (como o próprio Tiago, que já morou em Minas Gerais); visitantes e, sobretudo, os próprios moradores.
"Quando pensei nesse registro, a ideia é que as pessoas pudessem ir até o local (onde as imagens foram registradas)", pontua Tiago. O artista explica que não há nenhum local específico e permanente para expor as imagens. Atualmente, uma obra ficou exposta na escadaria do Centro Cultural Belchior, mesmo depois da exposição sair de cartaz no espaço.
No entanto, a ideia do projeto é espalhar os QR codes por espaços públicos e transportes coletivos, como os ônibus, para que as pessoas possam contemplar o visual durante os períodos de engarrafamento.
"A ideia é espalhar sempre em locais de passagem. Naquela região da (avenida) Aguanambi, por exemplo, é um lugar que atende gente de todas as regiões da cidade. Gente de vários bairros passam por ali", observa Tiago de Alencar.
O artista observou, com a idealização do Locus, que a população, na correria do dia a dia, e preocupada em chegar em casa ou no trabalho, "nem olha para o lado e perde as paisagens. E a cidade não é só paisagem, não tem só pontos bonitos. A gente quis colocar imagens de algumas mazelas também", identifica.
As imagens foram captadas no espaço de sete bairros de Fortaleza, além de suas imediações: Barra do Ceará, Praia de Iracema, Centro, Benfica, Dionísio Torres, Aldeota e Messejana. Após a exposição no Centro Cultural Belchior (reunindo quatro fotos e duas instalações), Tiago de Alencar pretende encaminhar a finalização do projeto e partir para realizar outra ideia.
"Duas das fotos que ficaram expostas no Centro Cultural Belchior talvez fiquem por lá (permanentemente). E vou fazer uma última rodada pela cidade com as instalações e os lambes (pregando os QR codes)", detalha o artista.
Origem
Captando as imagens pela cidade, Tiago percebeu que a Barra do Ceará, em especial, tem sua história e seu apelo visual muito subestimado pela população fortalezense. Indagado sobre quais seriam os lugares que mais lhe chamaram atenção nesse registro, para além dos cartões postais de Fortaleza, o artista destaca a Barra.
"Olhava para a Barra do Ceará, que é um marco inicial de Fortaleza, e vi que a cidade cresceu de costas para tudo aquilo ali. É um balneário, que a galera (de hoje) não tem noção. Em qualquer lugar do mundo, as pessoas dariam mais valor. É a nossa origem, mas as pessoas não reconhecem", sinaliza.
Fotografia
Tiago de Alencar conta que, durante 10 anos, trabalhou em agência de publicidade e, através disso, se interessou pela fotografia experimental. Além da música (ele é baterista, e hoje toca na banda Miss Jane), Tiago enveredou pela fotografia para "sentir a cidade, essa relação com Fortaleza. Tanto que o projeto engloba outras coisas (linguagens artísticas). Não é um projeto fotográfico técnico".

Diário do Nordeste

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