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COPA DO MUNDO

Grecianny Carvalho Cordeiro*

Tem circulado nas redes sociais um texto em que o autor se desculpa por não estar empolgado com os jogos da Copa do Mundo. Se desculpa também por não pintar sua rua ou colocar bandeirinhas, por não saber a escalação da seleção brasileira, por não ter comprado a camisa do time... E justifica seu desinteresse pelo fato de haver muitos desempregados, por não haver hospitais, escolas decentes, por estar a gasolina cara, pelas decisões do STF etc.
Pura verdade. Pouco há para se comemorar nesse país.
Em termos de futebol, também não há muito a se festejar, com exceção dos clubes de futebol, que devem milhões e milhões à Previdência. E não pagam. E o governo não cobra. 
Os jogadores dos grandes times também não têm do que reclamar, pois transitam em suas contas cifras milionárias para suas contratações e, ainda assim, eles sonegam outros tantos milhões aos governos de seus países, porque o muito que possuem ainda é pouco. 
As emissoras de televisão que transmitem os jogos também não têm nada do que reclamar. Apesar de pagarem caro pelo direito de transmissão dos jogos, garantem milhões e milhões com anunciantes.
A CBF também pode dizer que está radiante. Arrecada uma fortuna para desempenhar suas funções, mesmo que seus maiores dirigentes estejam presos e sendo processados, no Brasil e no exterior, também por corrupção. Isso sem falar com esquema bilionário que envolveu a Copa do Mundo aqui no Brasil, comprada a peso de ouro. E quanto ao 7 a 1? Tenho minhas dúvidas do quanto foi recebido para não se jogar.
E você, apaixonado por futebol, pode estar pensando o que uma mulher que nada entende de futebol, inventa de se meter a falar sobre o assunto.
Simples. Além de um estádio, de um time e de uma bola, no futebol existe um grupo de homens ávidos por lucrarem ao máximo, não importando como ou a que custo. E a ganância do ser humano é capaz de tudo.
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Arte de Sinfrônio
Para além da filosofia, deixemos que o futebol cumpra com sua missão de levar entretenimento à torcida, de fazer com que, pelo menos naqueles 90 minutos de jogo, sejamos capazes de esquecer um pouco das tantas mazelas de nosso belo país.
Para além da psicologia, deixemos que o futebol entorpeça nossas mentes e nossos corações nos dias de jogos da Seleção, mesmo que os jogadores tenham esquecido que, naquela camisa, eles carregam a força e a esperança de um povo, e não apenas o próximo contrato para o próximo time. 
Para além de nós mesmos, nos permitamos torcer.

*Promotora de Justiça

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